Eu estava ali, cheirava a terra, quente, terra de pó, daquela que tinha espinhos e magoava, mesmo assim encontrava aquela pedra lisa para me sentar, aquela pedra de onde eu podia descalçar-me e inundar os meu pés daquela água quente com cheiro de rio. Não, não ouso tentar pôr em meras palavras a sensação de me deixar ir no Guadiana, pela água quente com os pés magoados pelas urzes. Fico aqui em silêncio...
Não consigo determinar o meu dia, não consigo determinar que hoje as minhas forças se vão concentrar em abater o inimigo. Não consigo acordar e decidir quem irei afrontar. Sempre batalhas, sempre guerras!
Estou cansada, hoje estou muito cansada, não, não tenho os meus pés nas margens lindas do Guadiana. Estou aqui, sozinha, presa pelo amor, amor que ultrapassa as minhas pedras lisas.
Estou esgotada... morta pelo cansaço, morta pela vida. é uma fase eu sei, mais uma fase na minha inconstância, que seja.
Mas quero sentar-me ali, naquela pedra lisa... só aquele bocadinho que me vai fazer lembrar o calor assombroso de sentir o cheiro deste rio a inundar-me a alma.
Preciso de paz!