"Cometem-se muito mais traições por fraqueza do que em consequência de um forte desejo de trair "
Traição é o acto, a situação, a existência de um terceiro, a traição é envolta numa teia de perguntas, de factos, de respostas, de motivos, de comos, porquês. A traição é conhecida por quem a vive, apesar de ser assunto comentado e opinado por milhões de supostos conhecedores.
Pois assumo. A traição, acto, é doloroso, a nossa imaginação extravasa, leva-nos a ver ninhos de paixão e amor e sexo, a ver envolvências e carinhos, palavras lindas... leva-nos à terrível posição de espectador!
A traição deveria ter umas cinquenta palavras suas derivadas, porque quem vive uma experiência destas, vive a sua experiência, inserida no seu mundo. O que aconteceu contigo é diferente, o que aconteceu comigo tu não sabes!
Esse acto é ultrapassado com a revelação honesta da realidade. A imaginação vagueia agora apenas um pouquinho à volta daquilo que nos disseram, ou daquilo que arrancámos.
O facto, ocorrido algures, é ultrapassado, aceite? perdoado? isso não interessa, interessam as decisões que, conhecedores da verdade, tomamos, seriamente, deliberadamente, e que teremos que assumir. Interessa que ser traído é tabu! Como ter hepatite C. E eu, devo ser anormal, não tenho tabus.
A dor vai minorando, porque lutamos por isso, ou porque quem nos traiu nos mostra e mostra e prova e demonstra e principalmente tenta explicar. A dor vai minorando quando temos a serenidade para tentar entender, recuar, recordar e entender. Essa dor, chega a ser substituída por um novo fôlego numa relação, uma chama maior, uma paixão maior. (vou parar de escrever na 1ª pessoa do plural, irritante).
Sou crescida, inteligente, autónoma, independente, sei o quero!
Passaram meses e anos, precisei de espaço e tempo para pensar, precisei vasculhar-te, precisei responder a cada dúvida, das mais naturais às mais sórdidas. Insisti no porquê, no quando, no como. Fiz da tua vida um inferno pior do que estava a ser a minha. Crescemos os dois, estiveste sempre lá, respeitaste-me, o meu silêncio, as minhas vontades, as minhas raivas, suportaste tudo com a estatura moral que tens, sem os ombros caídos, sem ar de envergonhado, sem ar de coitadinho. Puzeste-me à frente a realidade nua e crua. Eu vi-a, e entendi!
Essa dor insuportável foi passando!
O que teima em não passar é a falta de confiança. Apesar de teres quase um GPS instalado.
O maior drama de uma traição, melhor, da minha traição, é a dúvida! É a tendência que os ventos elísios do meu cérebro têm em levar os meus pensamentos para zonas obscuras, mesmo quando o racional me garante que está tudo bem.
Desta minha traição aprendi algo maravilhoso, conheço-te tão bem, somos tão só um, que eu só não percebi porque não quis. Aprendi que os sinais, os pressentimentos, os rasgos de dúvida, são para ser levados a sério, são para ser lidos!
E passados 4 anos! A minha traição, ou melhor, a tua traição, fez com que a nossa relação se transformasse, crescesse, fez com que a analisássemos tão a fundo que falámos... de tudo, que nos conhecemos ainda mais.
Amo-te ainda mais agora!
Só é pena a puta continuar a cirandar à minha frente a toda a hora!
PS: Dispenso os comentários típicos tipo " quem trai uma vez trai duas e três!" Traição são milhares de teias enroladas, cheias de factos. e sobre os nossos factos... talvez escreva um dia destes...
1 comentário:
Que bem que estiveste, mais uma vez! Tu és muito grande e assumes as tuas fraquezas e as tuas debilidades duma forma que me desarmam.
Conheço o teu blog há pouco tempo mas já passei horas a ler todos os teus posts, são viciantes, aprecio-te.
Eu não costumo comentar, daí que provavelmente não voltarás a ver-me "por aqui" mas quero que saibas que estarei sempre "por aqui" a torcer por ti.
Beijo Grande
Ana
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