Como se faz isto???

Vou desabafar...

O que eu queria? Queria transmitir tudo o que aprendi, sem querer ser dona de nenhuma verdade, aliás, com tanto desejo de ouvir e aprender.

Queria incutir as regras que fizeram de mim alguém bem educado.

Queria mostrar valores, humanos, éticos, morais, que um dia também me mostraram, ou que simplesmente descobri a custo, com dor e mágoa!

Mantenho a minha mente aberta, por vezes nem sei se demasiado aberta. Quero aprender, saber, conhecer.

Sei que tenho a minha experiência, fui rebelde, fui (e sou ou sinto-me) jovem, fiz tantas asneiras, tenho tantas experiências a partilhar e daquelas que eu sei que não fazem de mim uma mãe "que não sabe nada".

Queria falar com a minha filha... mas não temos falado... parece que estamos cada vez mais longe.

Como sempre eu tento ver onde falho, sim, porque procuro em mim os erros antes de os apontar a alguém... Foi talvez esta, uma das lições mais difíceis que aprendi, e gostava de partilhá-la... mas nunca há o espaço nem o tempo!

É quase meia noite, eles já estão na cama, por isso penso nisto e desta forma, com esta calma. Durante o dia é diferente. Durante o dia eu reajo... tantas vezes sem agir.

Aquele bebé lindo que eu criei, que me enche o peito de magia e orgulho, a cada dia que passa magoa-me, preocupa-me, afasta-se... e eu aqui, quando o silêncio impera e as roupas espalhadas e os trabalhos de casa e as brigas com o irmão e as atitudes e olhares, tudo dorme, tudo fica tranquilo... é agora que eu quero uma resposta, que no fundo sei não existir, daí me tenha proposto a desabafar, apenas.

Sinto-me no meio de um jogo! Para alcançar um objectivo, tenho que pisar convicções e perder aliados.

A minha filha conta-me mais coisas do que eu alguma vez contei aos meus pais, eu acho que ela me esconde tudo, conta-me o superficial, fica com o profundo. Para que sejamos amigas eu não poderia educá-la, porque se me zango pelas suas atitudes ela afasta-se.

Chego à escola e tenho saudades dela, mas ela ainda está inebriada por um viver estranho que eu não identifico na minha adolescência, tenho ideia que eles vivem de imagens e de uma competição feroz pelo popular, o ser cool, o ser a maior, as fotos mais giras no facebook, as que têm mais comentários, tento fazer um paralelo e não sou capaz. O virtual é uma componente que não domino e que sinto ter uma influência imensa na minha Flôr!

A minha mente está aberta o suficiente para acrescentar mais este, ou mais itens, apesar de tudo. E o dialogo? E a mensagem física e emocional da relação entre uma mãe e um filho, essa nada virtual? Ok eu deixo-a de parte.

A Mariana parece querer conflitos, parece querer zangas, parece querer chocar, e quando tudo isso acontece, ela fica tudo o que eu ainda acho que ela é, agora pergunto onde está a verdade. Empreendo em filosofias do emocional, quer chamar a atenção, está carente, está sensível, tem ciumes do irmão... Ai!!! Fica tudo sem resposta!

Fica tudo entre um beijo de boa noite forçado e um revirar de olhos quando chamo a atenção.

No meio de tudo isto, e porque não descuro a educação, onde está o espaço para eu ser a amiga da minha filha, aquela que eu nunca tive e de quem precisei tanto?

Começo a pensar se estarei certa quando penso que a conheço, ela já mo disse algumas vezes, que não, que eu não a conhecia. Eu, porque a vi nascer terei a certeza de conhece-la, passados 11 anos?

A Mariana em situações que o requerem, comporta-se como uma princesa, depois, sozinhas... nem sei ... Ela é irritante e incoveniente, ela tem expressões que me tiram do sério, ela revira os olhos duma forma que me agride... mesmo quando eu apenas tento entender...


Eu?? Talvez não tenha a serenidade necessária para desligar de imagens e atender apenas a conteúdos, talvez me deixe inundar pelas historias que o mundo insiste em nos atacar.

Quero educar!
Quero a minha filha de volta ao meu colo, porque a quero proteger, como sempre fiz.


Para tudo isto é só necessária a honestidade, aquela que a muito custo eu consegui com a minha mãe, e agora, quero levianamente ter com a minha filha, sem qualquer custo!

Foi bom desabafar!

2 comentários:

No Reino do Infinito disse...

Gostava de te poder ajudar mas sei que não posso, sou há mais tempo filha do que Mãe e sei o tipo de filha que fui, muito má, em acções e em palavras, hoje passados todos estes anos sinto-me arrependida e tento compensar a minha Mãe de todas essas maldades....
Se é que me atrevo a dar uma sugestão (e por favor não me leves a mal) a tua filha precisa de uma Mãe porque melhores amigas ela já tem e como Mãe tenho a certeza que és exemplar, carinhosa, confidente e a Melhor!
(deixas-me sempre com o coração apertado quando escreves sobre a tua filha)

Espero que consigam resolver essas vossas diergências, esta idade não é nada fácil....a idade das verdades absolutas é uma verdadeira idiotice mas enfim!

Beijocas enormes ;)

Vaca na Lua disse...

E que desabafo! Gostava de poder dizer mais, mas eu não sou mãe, apenas uma filha, que como adolescente não fui a melhor amiga da minha mãe. Os amigos estavam do outro lado e a mãe era e ainda é, o exemplo do que eu queria ser: uma guerreira que ultrapassou as partidas da vida. Desde que te conheço acho que és uma grande mãe e parece-me que a tua filha pensa o mesmo, mas a idade é própria para as amizades, para os segredos,os sms e facebook e tudo a ritmo rápido.
Acredito que essa fase passe ainda que continuem as dúvidas, afinal não há um manual de como ser mãe...

Como sempre:
um bjito grande directamente da Lua