Exercicio de honestidade II

Porque é para isso que aqui, o meu espacinho serve...
Acordei com o Sol e decidi acompanhá-lo... entre banhos e pequenos almoços e correrias para a escola, conseguimos ouvir umas músicas e ter uma conversa séria... sim, nós os três.
Um ficou na escola e a Flor acompanhou-me, corremos de um lado para o outro, fomos a todos os sítios que eu tinha planeado ir. Entre discussões e conversas sérias com os Engenheiros da Policia, lá estava ela, uma mulherzinha. Corremos depois para mais um encontro imediato no Registo Criminal onde ficou à minha espera... está crescida, está maravilhosa. Acho que devia encontrar uma ocupação para ela, nestas três manhãs que não tem aulas... Talvez nos matriculemos as duas num ginásio, ela com as danças de hip hop e eu provavelmente naquelas modernas aulas com nomes pomposos.
O estímulo que preciso para me dar bons dias está mesmo ali... dentro de mim. Hoje, apesar de ter sido posto à prova inúmeras vezes... Não falhou!
Ainda corremos para o escritório, logo cedinho, sim porque o avô lá ficou no Brasil e não consegue voltar... E merece tanto ficar lá descansadinho!!! Mas não consegue!
Almoçamos as duas, já temos umas conversas sérias, rimo-nos do pânico que ela tem que eu faça uma qualquer figura menos própria à frente dos colegas, nunca o faria, mas sei que às vezes também eu pareço uma miúda... Rimo-nos da vida. Dos outros e de nós próprias.
Começo a gostar destas manhãs!
Depois mais um buraco na estrada, contas por pagar, prazos e a chave do correio lá de casa que desapareceu... agora já só lemos a correspondencia que fica a sair pelo buraco. Há que controlar as contas, eu sei... mas e o tempo??? A máquina de lavar pifou e a minha Bimby nova faz tudo menos lavar roupa, eu sei, mas que se lixe também, há roupa suja por todo o lado, amanhã trata-se disso!
A tarde foi sozinha, deixei tudo tratado e arrumado e ainda tomei uma decisão muito séria, vou fazer o curso para ter o meu ADR. São só umas semanas e é um passo que sei ser inevitável!
Não faço queixas dos outros, acredito piamente que as atitudes ficam espelhadas na cara de quem as pratica, mas quando está em causa o meu trabalho e inerente a ele, o meu bem estar e o bem estar de quem eu trouxe ao mundo, há que ponderar o que é razoável e o que não é. Deixei a minha posição, num alerta tardio, estou preocupada. Quanto a isso disse o que tinha a dizer, sem medo de magoar, porque magoada estou eu. Depois de tanto pensar nos outros e esperar uma atitude, há que também agir... agir por mim, pelo meu futuro, pelas crianças maravilhosas que vejo crescer aqui, comigo. O resto são borboletas. Quando a razão está do nosso lado, há uma boa chance de vingarmos.
Depois sentei-me ali, rodeada de amigos, amigos ou simplesmente conhecidos, ri-me, ri-me, ri-me tanto, relaxei, desanuviei até me deixarem. Um tinha fome, outro queria atenção.
Lembrei-me de repente do almoço de amanhã e fui a correr ao supermercado, livrar-me do peso da consciência de ser uma péssima dona de casa. Lá comprei o necessário para o almoço dos miúdos, lá tive o derradeiro encontro imediato estratégicamente delineado com a puta triste da minha vida... é uma sina! Mas afinal, depois deste dia, não ia conseguir nunca estragar-mo... até cedi o meu lugar na fila à amiga loira... Quando acabei de pagar lá estava o meu Anjo da Guarda com ar sério, pronto para me defender.
Depois jantei com a minha mãe, como tem sido hábito, e eu gosto. Falámos pouco, o possível no meio das histórias do DT e as queixas do Pirolito.
Cheguei agora a casa, deitei-os, nem sempre é fácil.
Quando o silêncio começou a pairar... Abri a porta da rua e procurei a lua, está tão linda hoje, tão poderosa, tão cheia de luz. Saí e senti falta das festas da Meggy, muita falta. Respirei fundo e senti-me grata. É tão bom sentir-me assim!
Agora vou roubar o saco de agua quente que dei à Flor e vou acabar de ler um livro.
Podia ter sido uma sexta feira diferente, muito diferente, cheia de aventuras e sucessos ou tragédia e amarguras, mas não, foi assim simples. Simples e tão cheia de mim.
Neste momento faz todo o sentido dizer: Só por hoje!

...

Não encontro forma de começar... O que tenho aqui dentro e quero deixar aqui... é sobre a idade, sobre o tempo passado, sobre vida...
Inclino-me sempre para um rol de queixas mas não as quero, um ou outro cabelo branco, a pele que já foi mais lisinha, e... e mais nada!
A verdade é que estarei a passar pelos melhores anos da minha vida... e só me apetece queixar-me.
Talvez se aqui o deixar, o interiorize, o deixe entrar na minha alma para que ela se livre de queixas...
... e se a minha realização pessoal transcendesse o trabalho e o emprego e o dia a dia ? e se o carro e a casa e a roupa e a imagem ficassem num nível mínimo da minha sobrevivência e eu simplesmente me elevasse para o que de mais verdadeiro se passa à minha volta? Muitas vezes o exercício é difícil... faltará o estímulo.
Diante de uma paisagem, diante do mar, diante da paixão ou do amor, é fácil abrir o peito e deixar-me inundar desse estímulo. Na corrida louca dos meus dias é mais difícil!
E se esse estímulo estiver aqui, aqui dentro de mim, e eu for simplesmente preguiçosa? Ou talvez comodista, ou talvez seja mais fácil queixar-me!
Não posso enumerar, seria uma vergonha para mim própria... O que tenho de meu, o que me rodeia, a minha família, a minha consciência, os meus valores...As lutas vencidas. Os obstáculos ultrapassados. Que mais precisarei?
Tal como o rio, preciso deixar-me fluir, deixar-me envolver por esse mundo mais acima... Que é meu! Tão meu!

Hoje...

Apesar do frio, está um sol lindo!
Apesar das saudades, o tempo vai passando e eu, quero aproveitá-lo.

Hoje tenho o cabelo mais curto que alguma vez já tive... e não é fácil com este frio!

Hoje vou buscar a minha Bimbi... será agora que vou começar a cozinhar??

Hoje parece ser um bom dia...
O mundo muda, à nossa volta tudo muda. Chamamos crescimento, mas é mudança.

Esta garantia que quem amamos desde sempre nunca mudará, é tão irreal!

Novela... ainda por terminar!

O casal vivia feliz. Aparece uma loira insinuante. O gajo embrulha-se com ela. Passado um tempo a cena carnal perde a piada, ele cheio de remorsos decide desembrulhar-se. Diz que ama a mulher, não a pode enganar mais. A loira não aceita, diz que larga a vida toda (marido e filhos) para ficar com ele. O gajo assusta-se. Foge dela. A loira faz chantagem, ameaça contar à mulher, a legitima. Ele não cede.

A loira começa então a perseguir a mulher. Mensagens, telefonemas anónimos, cenas no meio da rua. Chama amigas loiras, para ajudar à festa.

A mulher não descansa e vasculha e vasculha e encosta o marido à parede. Lavado em lágrimas o gajo conta a verdade.

O mundo desmorona, cenas feias, violência emocional, desespero, etc etc etc.

Começa do zero, o casal feliz...

O marido da loira não faz ideia de nada.

Aparece na historia uma comissária da Policia, a quem o gajo pede ajuda!

A Comissária afinal não era comissária. Fala com a mulher, fala com a loira, fala com o gajo. A comissária que não é comissária diz à loira que o casal feliz interpôs um processo em tribunal contra ela. A comissária que não é comissária pede 5 mil euros à loira para limpar o suposto processo. Mas não havia nenhum processo!

O gajo é chamado ao DIAP porque a loira fez uma queixa contra a comissária. O gajo conta a história ao investigador.

O investigador diz:

- Você pagou caro amigo!

Meggy




Todos os dias à mesma hora te sentas perto do portão à nossa espera. Se me atraso tu esperas, se passamos uns dias fora tu esperas, ali naquele cantinho onde eu sei que vês melhor o inicio da rua.
Quando chegamos fazes sempre uma festa tão grande, ficas tão feliz quando nos vês. Mesmo quando me zango contigo porque não nos deixas entrar em casa, mesmo assim ficas tão feliz quando chegamos.
Quando entramos em casa espreitas para o muro do vizinho, de pé e ladras. Vais para o portão e ladras... será que dizes a todos que chegámos a casa? Será isso?
Continuas a roubar as meias dos miúdos do estendal e a enterra-las num vaso, sempre o mesmo. Continuas a não gostar da D. Isabel. Continuas a seguir-me com os teus olhos doces, mimados. Continuas a guardar-me e a cuidar de mim. Continuas ali, sempre, à nossa espera, feliz! A tua recompensa é só uma festa, só um passeio.
Ai que amor é esse Meggy? Sem contrapartidas, assim, sem condições? Sem tempo para ti, sem as festas que merecias, sem as brincadeiras que imploras sempre? Que amor é esse Meggy?
Hoje cheguei a casa e estavas no teu cantinho à minha espera, mas não te levantaste...
Dor, tão diferente daquela que descrevi na ultima vez que aqui escrevi, esta dor imensa que eu sinto agora, é porque o teu amor incondicional, despretensioso, imenso, nunca será igualado por nenhum ser humano à face da terra. Vocês meus amigos, ensinaram-me isso. E tu minha amiga querida, ainda me ensinaste mais. Ensinaste-me que no rodopio do tempo, na loucura da brincadeira há sempre tempo para esperar... Há sempre tempo para sorrir a quem amamos.
Esta dor é diferente, como este amor também o é.
Ficas aqui Meggy, no meu coração, sempre, sempre, sempre... E vou homenagear-te assim, aprendendo a esperar... Como sempre esperaste por mim.


Exercicio 1 (honestidade)

Um dia fui magoada. Assim... cruelmente... sem aviso.

Palavras perdidas, vidas cruzadas, momentos, loucuras, distância, sentimentos traídos.

Chorei tanto que fiquei seca.
Questionei, questionei, vasculhei, fiquei exausta.
Extenuada, sem forças.
Quis saber, quis entender, quis ser quem me magoou e perceber o porquê.

Falei, falei, ouvi, ouvi, ouvi, gritei, gritei.

Fui assolada por uma dor cortante, uma mágoa profunda, enchi-me de ódio e de raiva, explodi sempre que o turbilhão se tornou insuportável.

Deixei de acreditar, deixei de confiar, deixei de sentir. Pensei fugir, bater, vingar-me.

O sábio tempo passou... num hora a hora e num dia a dia incansáveis, e passaram três anos.

Entendi o que consegui, percebi o que quis.

Numa qualquer altura tomei uma decisão. Não se perdoa uma dor assim, não se perdoa, não por não se querer, mas por não se conseguir. Eu decidi pegar em cada flecha espetada no meu peito e desfazê-la, olhar para ela, compreendê-la e aceitá-la. Depois decidi juntar peças, os cacos espalhados no meu chão... os intactos e os desfeitos! Olhei do fundo da minha alma para aquela reconstrução e percebi com a ajuda do tempo sábio, que estava linda... mais forte, mais honesta, mais verdadeira e cheia de paixão.

Quando os meus inimigos da minha razão, o ódio e a raiva se afastaram, ficou só a dor. As culpas aceites, a confiança acabada de renascer e a dor.

A dor guardada entre dois tijolos desta construção, às vezes assola-me, por uma música, por um odor, por um acaso ou porque sim.

Sim, ainda a sinto. Mais ténue, mais serena, mas sempre dor!

Ficará ali...enquanto a memória o exigir.

Hoje posso apenas decidir crescer com ela, e tenho crescido, tanto.

Como o rio...


Menina dançarina, poetiza de sonhos verdes. Cantora de multidões. Alegria das vozes, a mais bonita, a que ecoava nas abóbadas brancas da mesquita de cal. Sorriso tão grande nas histórias de embalar, as que não embalavam e faziam rir. Menina de terço e santo. Soldado de mágoas e feridas tapadas pela medalha. Mãe sem mimos, sem carícias... de calções engomados e sapatos engraxados. Mãe...
Mulher bonita, sedenta de saber. Mulher de silêncios profundos sem lágrimas nem lastimas. Mulher grande de colchas de renda e camisolas de lã. Mulher linda sem horas de sono sem cansaço sem solidão.
Avó querida de braços grandes, tão grandes donde nunca saí. Avó única de palavras certeiras e flechas amigas entradas no meu peito. Avó menina de pressa de ir e ver e dizer. Avó da praia do eucalipto e da terra. Avó tão alta da sua vida tão cheia, plena de dever cumprido, em paz. Avó de semblante sereno prisioneira da dor e da idade.
Avó:
Deixa-te ir, como ali nas azenhas, onde o rio corre, devagarinho. Deixa-te ir ao sabor da corrente, solta a amarra, liberta as margens. Olha avó, eu estou aqui, sempre, lembras-te que desci a encosta e me ajoelhei à beira da água, molhei as mão na água fria e vi as tuas, tão bonitas. Estou aqui avó, sempre, sigo para onde fores, assim, às vezes a maré sobe e a água do rio volta atrás, um bocado. Como nós, podemos voltar atrás, só por uns momentos, para ver que ficou ali tudo, como deixámos, de pé, de saudade, de dor.
Deixa-te ir, deixa-me levar-te, até ao rio, aquele das pedras redondas, das escarpas pretas, das histórias de cobras. Bebemos o teu chá e deixamo-nos ir. Assim!

...

"Às vezes pisamos merda, e às vezes custa tirá-la do sapato"

????

Que aconteeu ao Flashforward?????????????????

Pedro

Já tentei aqui deixar, num montinho de palavras, o que sinto por ti.

Como foi, o que senti, e depois, como aconteceu, e tu disseste e eu fiz e hoje...

Leio e releio e apago e escrevo de novo, porque não alcanço com palavras o turbilhão de sentimentos e emoções que são os últimos 17 anos... contigo!


Hoje pegaste na minha mão, em poucas palavras, num olhar e com aquela tua forma prática deixaste ali, escrito no ar. tudo!


Como raio consegues quebrar os meus dramas confusos? Assim, dessa forma simples?


Tina 20 anos quando me apaixonei por ti, continuo apaixonada!


Também sei ser simples, às vezes! (poucas) (vá ... muito poucas!)
Mas esta minha simplicidade deixa tudo por dizer, mas é o tudo que nós conhecemos tão bem e não nos cansamos de dizer...



Exagero?


Fui dona do mundo, fui única, tudo girou à minha volta. Se o sol acordava, se a noite era quente, se a musica tocava. Sorrisos, palavras, cânticos e brisas... Era tudo por mim, era tudo para mim.
Um mundo que chamava meu, rios e mares aguardavam as minhas mãos, lá no centro estava eu e tudo girava ali, ao meu alcance.
Maravilhoso egoísmo de quem não sente a gratidão de uma meninice bonita!
A gratidão vem mais tarde...
Tenho duas crianças... Agora são elas únicas e é por elas que o meu sol acorda. Passei para o final da fila...
Exagero?