Eu estava ali, cheirava a terra, quente, terra de pó, daquela que tinha espinhos e magoava, mesmo assim encontrava aquela pedra lisa para me sentar, aquela pedra de onde eu podia descalçar-me e inundar os meu pés daquela água quente com cheiro de rio. Não, não ouso tentar pôr em meras palavras a sensação de me deixar ir no Guadiana, pela água quente com os pés magoados pelas urzes. Fico aqui em silêncio...
Não consigo determinar o meu dia, não consigo determinar que hoje as minhas forças se vão concentrar em abater o inimigo. Não consigo acordar e decidir quem irei afrontar. Sempre batalhas, sempre guerras!
Estou cansada, hoje estou muito cansada, não, não tenho os meus pés nas margens lindas do Guadiana. Estou aqui, sozinha, presa pelo amor, amor que ultrapassa as minhas pedras lisas.
Estou esgotada... morta pelo cansaço, morta pela vida. é uma fase eu sei, mais uma fase na minha inconstância, que seja.
Mas quero sentar-me ali, naquela pedra lisa... só aquele bocadinho que me vai fazer lembrar o calor assombroso de sentir o cheiro deste rio a inundar-me a alma.
Preciso de paz!

e pronto...

Não quero saber do concerto.
Flor está mesmo doentinha, já o pirolito está a gastar três dias de baterias acumuladas.
Meu amor grande não vem hoje.

Eu consigo talvez recordar na minha meninice uma fase realmente estúpida, eu teria talvez uns 13 ou 14 anos. A minha florzinha com 10 anos está muito mais à frente. Ela própria já está a entrar nessa fase.

O que me irrita ouvir mães que aceitam tão perfeita e angélicamente cada passo dos seus filhos, parece que foram já programadas. Pois eu aceito que ninguém me ensinou, aceito que gostava de colmatar algumas lacunas que sinto na minha infância, mas aceito de peito aberto que os 10 anos da minha Flôr estão diluídos numa fase da minha própria existência que vai dos 12 aos 16. Sorry! Não nasci ensinada!

Houve alguém, um dia, um herói da minha vida que me disse: Segue instintos, o verdadeiro, o de mãe, esse terá sempre alguma razão!

Assim fiz, não fomos ao concerto, estou aqui sozinha mas... sinto o dever cumprido! Amanhã veremos!

Mais uns factos

Sim, Pirolito está melhor... já eu ...
Tenho dois bilhetes para os Alphaville... mas não vou...

Flor adoeceu...
Disse à avó que estava calor, foi de manga curta para a escola, lógico adoeceu, lógico faz o quer da avó, logico não vou ao concerto!

Sábado o meu amor está em casa??? Não! Não está!

Bem ao menos estou a ver novamente o Flashforward!

e o Pirolito dorme... shiuuu!

É um facto!


Como se não bastasse vê-la espalhada pelas paredes do quarto da Flor e por mais inúmeros sítios da casa, vou ver a Miley ao Rock in Rio... também vou ver DZRT(escreve-se assim?) e mais um grupo de que nunca ouvi falar. O Pai arranjou mil desculpas extremamente válidas e não vai. A Flor está tão feliz que me deixa feliz também. Vamos ver!
Pirolito está doente, sou escrava dele há dois dias. Uma melga doentinha. Dizem que um dia terei saudades destes tempos, por enquanto duvido muito!
A capacidade que eles têm de mudar a minha vida!
Chegou a Primavera.

Que chegue mesmo, com o sol e o ar quente. Que chegue, que seja bem vinda. Preciso de ti!
Ai vidinha tão curta, curta de tempo.
Sim, cheia, cheia do que a enchemos.
Ai vidinha tão certa, certa do fim.
Incerta dos meios, dos contornos.
Falamos, falamos, não dizemos nada.
Gritamos, gritamos e ninguém nos ouve.
Ai vamos viver, viver sem medo porque o fim é certo.
Gritar sem pausas porque quem ouve é surdo.
E viver... gritar a experiência e esperar...
Que seja ouvida, para que a palavra assente num tijolo de esperança.
Esperança para quem a vida não seja tão curta!

algo desprovido de conteudo


Esta merda da idade, pós trinta e pré quarenta, coincide com aquela altura parva da vidinha doméstica, em que tudo começa a avariar.

Parabéns vida!

Por algum motivo, nestes dias, tendo olhar para trás, para estes anos que temos passado juntos, para estes anos que tens vivido.

O silêncio aqui e agora fica inundado de uma alegria linda, porque quando olho para trás, apesar das quedas, das lutas, dos obstáculos, fico assim feliz, porque somos também assim, felizes. Seja essa uma palavra tão grande e tão vasta, nós sabemos.

Amo-te tanto!

Parabéns!

É isto?

Então é assim?
Um dia damos um salto, num abismo que não conhecemos, a sensação liberta-nos e o mundo é nosso, um mundo feito por nós, inundado de uma paixão violenta. Amamos e sonhamos e vivemos agarrados a sonhos e devaneios, que não são devaneios, são ambições, são os horizontes feitos dos sonhos que ainda crescem. Um dia paramos, prostrados numa noite mais fria e talvez quebramos o rumo. Triste! Triste porque deixámos que a a essência que nasceu connosco receasse o palco cheio de estrelas.

Veneramos uma imagem ideal que nos transforma num perdedor, mas afinal a imagem foge dessa nossa essência. É aí que as armas se devem erguer, é aí que marcamos o nosso território
Sejamos então capazes de fixar o nosso rumo, ultrapassando o ideal, o altar feito por quem não nos conhece. Veneremos então o que acreditamos, o que nos faz viver, viver com sentido.

Estes padrões, estes ritmos, estas vidas, não fui eu quem as fixou, não as sigo por opção, sendo diferente, sendo eu, espero apenas um dia a recompensa de sentir que a essência do meu ser se espelhe em quem mais amo.

Criamos uma perspectiva, curta não é? E assim curta corro atrás do essencial, do magnifico, de tudo o que persigo.

Sim, vamos estar lá! Vamos pois!
A avó, no lar...

- Estou avó??
- Tita? Olha agora não posso falar, estou ocupada! Falamos mais tarde...

... apreensiva fico, um bocadinho, mas fizeste-me sorrir! Um dia feliz para ti!

Exercicio de honestidade... mais um





Enquanto continuar a sonhar, a procurar, a querer, não me sentirei completa, vou sempre querendo crescer, subir mais alto e saber mais. Este é um facto, mas sempre rodeado das inúmeras variáveis e pouco constantes do meu universo. Sou mulher pois!


Sou mãe e não fui ensinada a sê-lo, tenho uma mãe que também tinha uma, fui menina e criança e cresci... cresci emersa em ensinamentos, mais de afectos do que de palavras, mais de actos do que de palavras. Agora mãe, exagero nas palavras, aquelas que nunca me foram ditas, talvez esteja a menosprezar os afectos, os actos.


Se ainda não cresci, se ainda não me sinto completa, poderei eu como mãe transmitir essa incerteza? Ou farei aquele papel de mãe, sempre sabedora, sempre certa? E assim aumento a distância, a incontornável distância de duas décadas que me separa de um filho.


O amor, esse, não se discute, não se analisa, não se qualifica nem dimensiona, esse, esse sentimento atordoante, está ali para que seja mulher e o sinta, assim! E a distância? Não aprendi a ser mãe mas reconheço a distância, senti-a sempre em silêncio e agora volto a senti-la e não quero calar-me. Nos olhos de um filho está a procura de respostas, no olhar de um filho está um pedido de ajuda, de protecção, aquela que eu ainda não alcancei, uma paz que se a transmito, é por uma necessidade maior de ser mãe. Essa paz não a sinto, não sei se a sentirei! Sei que o meu colo deve ser sempre um porto, calmo e azul, cheio de sol e calor, mesmo que o meu corpo anseie por um abrigo, um abrigo que não existe, eu mãe mostro o azul e o mar ... e o calor! Se, cansada, sinto as forças escaparem, de imediato a culpa racionalizada pelo papel, ensinado, de mãe, me faz reagir com duas décadas de distância.


Serei eu? Serei eu quem não se aproxima? Ou talvez simplesmente deva aceitar? Aceitar que também eu estou a crescer?
Estou a ser feliz!

Alheada?

Interessa?

Estou simplesmente a ser...
Pudera eu rodear-me de quem é. Alhear-me mais um bocadinho.

Vejo chinelos afundar na lama e saltos altos presos na calçada... alheio-me.
Vou plantando margaridas e cavando a terra para que o curso do rio desvie só por agora, enquanto puder plantar margaridas. Assim também vos alheio. Fico só atenta.
Insisto que venhas comigo.

Então sou feliz, agora, aqui. Fiz-me capaz de elevar as fasquias, como também as fixo algures num ponto do horizonte que me é mais favorável. Assim posso respirar, e ficar assim.

Por agora, quero só aprender mais qualquer coisa, assim valerá mais a pena!

Por aqui...

... Reina uma falta de inspiração, uma tremenda impaciência... Quando a chuva parar... talvez!