E eu em casa !!!!

Tcharammm!!!

Já está! Já podemos jantar no céu... Onde quisermos... Ontem já subiu...

É o nosso Dinner in the Sky, inaugura hoje...

O conceito já existe por quase todo o mundo, as imagens são maravilhosas.
Nós por cá, temos uma equipa de profissionais que trabalharam até à exaustão para trazer para este cantinho maravilhoso uma ideia genial.

E não é que o meu amor maior está lá.... e não é que hoje é terça fira e eu não vou poder estar...

Parabéns, boa sorte, vai ser um espectáculoooo!

Não sei o que são, sei que lhes dou alguma importância...

Noite mal dormida, amanhecer com a chuva, o cinzento que ocupa todas as cores, mil tarefas, urgentes, sem que fosse eu a única participante, dependente de horários, vontades, trânsito e talvez uma boa dose de sorte. Tudo terminado pelo 12:00. O meu pequenino lá foi para a praia com os coleguinhas, deixei-o com um esforço mal disfarçado no olhar, de quem não quer estar ali, de quem não quer deixar-me. O "padrinho" inventado que me vai ajudar a que a minha Flor entre na escola que escolhi para ela, lá estava, com os papelinhos pedidos. Cheguei ao Hospital já tarde, foi tudo já à pressa, lá lutei contra a minha aversão visceral a análises e correu bem. Agora, quatro semanas longe daquilo, só com um telefonema do Dr. House já esta semana com as boas ou as más notícias, as que vierem.
Conversa rápida com a professora da minha Flor, sem grandes questões, acabou, ouvi, falei... a verdade é que ela está linda, tem resultados muito bons na escola e eu estou aqui, sempre com ela.

Depois da correria que nos transforma em autómatos, depois do sentir o dever cumprido, depois daqueles telefonemas que não queremos, as questões que mais uma vez respondemos, o trânsito e a porteira. Sentei-me, olhei os papéis na diagonal, não havia dramas, não havia mais urgências.

Deixei-me sentir...

Respirei fundo, senti um aperto forte no coração, um misto de ansiedade e aquele amor que dói. Senti-me vazia por um momento para logo ser inundada dos meus sentimentos, os que me preenchem e sem os quais não vivo. Sem drama, sem culpa. Orgulhosa, vencedora, lutadora, mas com um aperto no peito.

Gostava de chamar-lhes "sinais", para isso teria que confessar algum tipo de credo que não tenho, ou não me apetece querer ter. São "coisas" que aparecem à frente dos meus olhos, não sei se as procuro ou se apenas tenho o cuidado de vê-las, são "coisas" que me alteram, que me fazem parar, ponderar. Principalmente quando a minha mente insiste em acelerar em rodopios sem sentido e exagerar e cobrir de negro tudo o que tem cor, ou colorir o que já está saturado de tons. "Coisas" que me abanam e alteram a perspectiva. Essas "coisas", os Sinais...

Já sentada, mais calma, assisti a isto, que alguém partilhou e que também eu quero partilhar e ver e rever:




E este foi o meu Sinal.

E este sinal mudou a perspectiva! E tanto que eu estava a precisar de um abanão!

Filha

A maior parte das meninas sonha em ser mãe, quando brinca com as bonecas, com as amigas. Durante vários anos vai interiorizando imagens, olhares, sorrisos, lições, palavras... que um dia mais tarde irá com certeza recordar e fazer suas.

Nos primeiros anos de vida, começando nas fraldas, nos banhos, as doenças, os "nãos", tudo é único e diferente, porque desses anos não guardámos nada, porque nada recordamos.

Ontem quando fui dar um beijo à Florinha ela perguntou-me o que era estar dividido, expliquei-lhe... quase automaticamente senti uma lágrima a querer fugir dos meus olhos... estava eu a recordar. Um dia alguém me disse que estava dividido. Continuei a recordar.

A minha primeira grande paixão.
A primeira verdadeira despedida dos colegas.
A paixão não correspondida.
A traição da amiga.
A sensação de injustiça quando um qualquer professor nos apelida de algo falso.
A dor imensa que, na altura, parecia insuportável. Os concelhos irritantes dos mais velhos.
O gozo irritante dos mais velhos.

Hoje vai ser o dia da despedida de alguns amigos do 4º ano, nenhum vai para a escola da minha Flor. A sua paixãozinha, que eu acompanho em silêncio há mais de quatro anos, vai ser hoje o dia da despedida.

Pela primeira vez ela viu-se confrontada com um sentimento único, o friozinho no estômago, os olhares, as palavras... tão bonito, tão intenso e tão doloroso. Por outro lado, e cá está a diferença de gerações, eu sonhava e sofria em silêncio, hoje, ela, deixa-se levar por uma histeria colectiva e feminina das amiguinhas. As referências pop star e Hannah Montana, não a deixam fraquejar, não pode mostrar que sofre, tem que mostrar a imagem superior, para depois à noite, chorar. Acho que irá aprender sozinha.

Um dia disse-lhe que deveria ser verdadeira com ela e com o mundo, sofreria menos. Não é assim tão fácil, tão recto, tão simples.

Gostava que ela acreditasse que as verdadeiras amizades, se lembradas e cultivadas, manter-se-ão para sempre. Não acreditará, como eu não acreditei.

Gostava que acreditasse na vida que tem pela frente e não se agarrasse a este momento difícil, mas não, nem eu acreditava.

Pensei deixá-la, na escola, hoje até mais tarde, para que tivesse tempo... Acabei de saber que tenho visitas para jantar e dormir. Resta-me o red line, ir às compras, ir buscar o Pirolito, e esperar que a festinha de final de ano, que elas próprias organizaram, tenha sido fantástica e que ela tenha aproveitado para não deixar nada por fazer, nem por dizer.

Maravilhoso e impotente, este sentimento... Maravilhoso aprender contigo minha Flor!

Estou triste

Não resistooooooooooooo!

Esta é a minha Flor!!!!

É lindaaaaaaaaaaa! E funciona a cena das algemas...

Bora teletransportar-nos...

Isto são algemas??? Mentes impuras... é o símbolo galáctico do teletransporte...

Então...



Sempre gostei de um bom diarinho, já tive coisas lamechas, coisas da treta, historinhas reais, coisas mais sérias e agora tenho um blogue... Oh pá, e não é que isto é porreiro! Escrevo o que bem me apetece, tenho ideia que alguns loucos lêem de vez em quando. Às vezes até dizem umas coisas que eu só deixo entrar se me der na real gana. Faz-me bem!


Ao fim de algum tempo, tenho a leve sensação que há anónimos que se preocupam, gente bonita que não conheço, mas que até pensa em mim. E eu penso neles... Junto o bom ao agradável e vou teletransportar-me directamente para cima dessa tal gente...será que funciona?

tec tec tec tec tec.... del del del del del

Bem já ia nos oito teletransportadores.... Decidi apagar, até da doce venenosa que me implorou, suplicou, quase tentou subornar...


A coisa funciona, as palavritas ficam roxas, é giro, como estou totalmente disparatada, deve ser da falta de febre, vou mas é ler umas coisas com real interesse.



Helpezinho

O que eu gostava mesmo... era escrever uma cena qualquer, e depois lá no meio da cena, aparecia uma palavrinha a azul sublinhado, e depois a malta carregava nas letrinhas azuis e era teletransportado para outro sitio. Alguém me ajudazinha???

Vou pra festa do pirolitooooo!!!!

À séria com marchas, caldo verde e uns preguinhos! É a um Euro cada!

Para ti mana...







"Centenas de palavras
Apontadas e sentidas, que pareceram antes caladas
Entraram em mim, ocuparam-me e ficaram

não sei o que sinto
sinto-me vazia
faltaram palavras para o que sinto
sobraram outras que me queimam na boca
assolam as que sobram e eram minhas
a culpa, a vergonha, o silencio que não mereço
E eu sinto tanto.

Perdi-me da vida,
na vã tentativa de a encontrar.
Quis mostrar-me que mais vida havia
para alem desta que me havia oferecido.

Quis lutar.
A metade da minha.
Quis mudar tudo
Quis tanto mudar tudo
E nem sabia
E ontem, quando cheguei vazia ,
mais vazia do que podia não encontrei nada.

Se és o meu diário, se serves de guardião do que mais tarde não quero esquecer
Não te esqueças de me lembrar
Do que fui e não fui digna
Do que me é e não é devido
Da vergonha e tristeza que sinto
Da culpa que sentia e calava
Que me foi jogada a cara
Porque se julgou que eu não via"

Foi a minha mana quem escreveu. http://milhita-milhita.blogspot.com/

A minha mana sou eu também.

A minha mana é única. Obrigada Sandra!

Por estares sempre aqui...

Quase sempre, de manhã...

O quanto eu gosto de vos ouvir... Porque não me levam a voar?

Prometido

- Meninos, hoje comemos Mc Donnalds! Querem ir lá, ou vou sozinha e comemos em casa?
(Uníssono)
- Vai mãe, ficamos aqui!

Preparada para sair fui debitar o rol de recomendações ao quarto da Flor. Com o seu ar adulto assentiu a tudo o que lhe disse.

Passei na sala e disse:
- Pirolito, a mãe vai comprar o Happy Meal, vais portar-te muito bem não vais?

Resposta pronta:
- Siiimm, não vou dizer chichi nem cocó, não vou enfiar os dedos nos olhos da mana, não vou atirar bonecos à televisão e.... não vou pintar nas paredes.

Saí descansada, o meu menino lindo afinal sabe muito bem o que é portar-se mal....

Mais uma Terça

A traulitada hoje foi grande, escrevo com um pano da loiça molhado à volta do pescoço.

Aldeia...

Vivo numa aldeia, fugida de Lisboa, procurava a casa dos sonhos e o silêncio do campo.

Hoje há festa na aldeia... na "sede"... A música ouve-se muito mal, muito lá ao fundo... não incomoda... mas... e os cães???

As centenas de cães que coabitam nesta linda aldeia, não param de ladrar??? Até a Meggy a quem já tentei explicar a noção de festa, arraial, S. João. Não se calam?

No final da festa há sempre um foguetezinho... Mal posso esperar!
Sou a louca das respostas, preciso delas. Quero uma explicação para tudo, principalmente para mim, sobre mim. Tenho a mania que sei analisar-me, conhecer-me, compreender-me.
Aventura é um salto para o desconhecido, mas quem salta sou eu, e eu conheço-me.

Neste momento não me revejo, não me compreendo, se eu desenhasse o que passa violenta e alucinadamente pela minha cabeça, seria uma mistura de cores, de traços, qualquer coisa disforme e desajustada.

E respostas para isto?... Eu tento, é um momento da minha vida mais complicado, é o exterior que não ajuda, nem tem que fazê-lo. Será a febre? Será o desconhecido?

Hoje na loja do cidadão sentei-me, 40 senhas à minha frente, decidi fazer algo que amo... Inventários. Olhar para as pessoas, vê-las e imaginar as suas vidas. Aos poucos, fui ficando mais calma, mais divertida. Porque era de outros que se tratava. Depois chegou a minha vez.

Saí, entrei no carro e apeteceu-me chorar! Quis de imediato uma resposta, não sou piegas, não sou fraca... simplesmente deixei que tudo se fosse amontoando no meu cérebro, ficando lá à espera de um momento de paz, fui apenas resolvendo o que não poderia ficar para trás, quase que mecânicamente, sem falhar. Os dias foram passando, as datas gravei-as no telemóvel, a vida foi passando e eu, embrulhada em cores e riscos, fui-me deixando levar.

Agora, aqui sozinha, sem lamentos, na procura anormal de uma resposta, percebi...

Apavorada com o meu estado físico, com medo da injecção no final da tarde, um castelo cinzento cheio de monstros e fantasmas erguido por mim. Encontrei uma resposta, devo agora erguer castelos e arruinar este. Este, ficará lá atrás, à espera.

Os meus castelos de hoje, nem que erguidos à custa de muito paracetamol, vão ser a promessa que não vou pedir desculpas à minha filha, como fiz ontem por duas vezes. Vão ser brincar, às lutas, com dois action mans muito musculados que insistem em agredir-se. Vão ser ir ao Mc Donnalds e sorrir com uns olhinhos verdes que procuram o brinquedo do Happy Meal. Vão ser ajudar a inscrever a Florinha numa coisa chamada ... nem me lembro, um qualquer concurso da Disney. Vão ser perceber como raio a fedelha criou uma conta no hi5 aberta ao mundo. Vão ser responder com o mesmo amor às mensagens lindas que recebo do Pedro.

Estes são os castelo que me vão tirar esta amargura monumental que eu tenho escondido nestes dias, não vai ser a febre que me vai impedir, a amargura de reconhecer que quem mais tem presenciado este estado de confusão, são as três únicas pessoas que não o podem fazer. Uma pequenina que só quer brincar... Uma maior que já conversa, como uma mulherzinha e, que eu insisto em não ver que ela percebe tudo.

Fui obrigada, há muitos anos a fazer algo parecido... chamei-lhe assim, desmontar castelos.
Na minha mente incansável, emotiva, lutadora, inconstante, se não for gerindo as gavetinhas, o hall de entrada congestiona, e depois fico assim, na confusão, no deixar ir.

Reconheço que nos últimos vinte dias, tive, à minha volta, no mais perfeito da minha vida, mil motivos maravilhosos para sorrir. Mil ideias engraçadas para fazer. Quis pintar novamente, Quis comprar gesso. Assisti à mais linda peça de teatro. Consegui que a Flor entrasse na escola que escolhemos, consegui que o Pirolito entrasse na escola onde já era impossível entrar. Este fim de semana o Pedro vai estar na inauguração de mais um projecto fantástico... e eu?? passei ao lado sem um sorriso.

Há sempre, Inês tu sabe-lo, uma força gritante escondida, à espera de uma ordem. Há a perspectiva. Há o simplificar. Há tudo isto, aqui mesmo, nas tuas mãos.

Simplificar é uma chave que insisto em não usar, porque eu não sou simples. Mas de vez em quando, não me fica nada mal aceitar que não tenho que suportar a carga tida de uma vez, tenho que pegar só na mais importante.

Fica a promessa para mim mesma.

Recadinho

A melguinha com o nº 4606 está temporariamente proibida de escrever!

Tudo tem a importância que decidimos dar. 4606 tem toda a importância do meu mundo, da minha vida, O raio dos efeitos secundários é que nem por isso.

Sim... a maldita febre persiste, desagradável!

Xôô!

Sentir

"Cometem-se muito mais traições por fraqueza do que em consequência de um forte desejo de trair "

Traição é o acto, a situação, a existência de um terceiro, a traição é envolta numa teia de perguntas, de factos, de respostas, de motivos, de comos, porquês. A traição é conhecida por quem a vive, apesar de ser assunto comentado e opinado por milhões de supostos conhecedores.

Pois assumo. A traição, acto, é doloroso, a nossa imaginação extravasa, leva-nos a ver ninhos de paixão e amor e sexo, a ver envolvências e carinhos, palavras lindas... leva-nos à terrível posição de espectador!

A traição deveria ter umas cinquenta palavras suas derivadas, porque quem vive uma experiência destas, vive a sua experiência, inserida no seu mundo. O que aconteceu contigo é diferente, o que aconteceu comigo tu não sabes!

Esse acto é ultrapassado com a revelação honesta da realidade. A imaginação vagueia agora apenas um pouquinho à volta daquilo que nos disseram, ou daquilo que arrancámos.

O facto, ocorrido algures, é ultrapassado, aceite? perdoado? isso não interessa, interessam as decisões que, conhecedores da verdade, tomamos, seriamente, deliberadamente, e que teremos que assumir. Interessa que ser traído é tabu! Como ter hepatite C. E eu, devo ser anormal, não tenho tabus.

A dor vai minorando, porque lutamos por isso, ou porque quem nos traiu nos mostra e mostra e prova e demonstra e principalmente tenta explicar. A dor vai minorando quando temos a serenidade para tentar entender, recuar, recordar e entender. Essa dor, chega a ser substituída por um novo fôlego numa relação, uma chama maior, uma paixão maior. (vou parar de escrever na 1ª pessoa do plural, irritante).

Sou crescida, inteligente, autónoma, independente, sei o quero!

Passaram meses e anos, precisei de espaço e tempo para pensar, precisei vasculhar-te, precisei responder a cada dúvida, das mais naturais às mais sórdidas. Insisti no porquê, no quando, no como. Fiz da tua vida um inferno pior do que estava a ser a minha. Crescemos os dois, estiveste sempre lá, respeitaste-me, o meu silêncio, as minhas vontades, as minhas raivas, suportaste tudo com a estatura moral que tens, sem os ombros caídos, sem ar de envergonhado, sem ar de coitadinho. Puzeste-me à frente a realidade nua e crua. Eu vi-a, e entendi!

Essa dor insuportável foi passando!

O que teima em não passar é a falta de confiança. Apesar de teres quase um GPS instalado.

O maior drama de uma traição, melhor, da minha traição, é a dúvida! É a tendência que os ventos elísios do meu cérebro têm em levar os meus pensamentos para zonas obscuras, mesmo quando o racional me garante que está tudo bem.

Desta minha traição aprendi algo maravilhoso, conheço-te tão bem, somos tão só um, que eu só não percebi porque não quis. Aprendi que os sinais, os pressentimentos, os rasgos de dúvida, são para ser levados a sério, são para ser lidos!

E passados 4 anos! A minha traição, ou melhor, a tua traição, fez com que a nossa relação se transformasse, crescesse, fez com que a analisássemos tão a fundo que falámos... de tudo, que nos conhecemos ainda mais.

Amo-te ainda mais agora!

Só é pena a puta continuar a cirandar à minha frente a toda a hora!

PS: Dispenso os comentários típicos tipo " quem trai uma vez trai duas e três!" Traição são milhares de teias enroladas, cheias de factos. e sobre os nossos factos... talvez escreva um dia destes...

Sexta feira

Festa da Caipirinha lá no bar, agora não posso beber, mas o meu amor grande faz-me umas Caipiráguas... os pirolitos com a avó e eu aqui, em casa.

A febre não me larga desde terça feira, a febre é lixada, mexe com o cérebro. Hoje insistiu em não baixar, falei com o Dr. House. Se amanhã não melhorar, tunga, Domingo vou ao hospital. Tentei tudo, banho frio, paninhos frios... nada! Assusta!

Apesar de completamente falida, comprei um vestidinho. Quando comprar uma roupinha não nos faz sentir melhor, então há mesmo um problema. Foi como se comprasse uma lata de atum. Cheguei a casa e nem o tirei do saco.

Pois pois, isto não está a ser fácil.

Safou-me parar num canal, o FX e espantar-me com o Agente Cooper... a morte de Laura Palmer, o David Lynch sempre fabuloso, e recordar, recordar, estava em 1990. Gostei tanto que quando acabo fui experimentar o vestidinho novo...



"Uma última frase, diz o actor, poderia talvez ter sido dita antes do silêncio. Supostamente teria sido dita por ela, para ele, durante a última noite do amor dos dois. Estaria relacionada com a emoção que por vezes se sente quando se reconhece aquilo que ainda não se conhece, com a impossibilidade em que se está de não se poder exprimir essa impossibilidade por causa da desproporção das palavras, da sua magreza, face à enormidade da dor."

"Olhos azuis, Cabelo Preto" Marguerite Duras

Também há dias em que as palavras não me saem, tal como o pensamento deseja, prefiro deixar-me sentir, deixar-me estar, em silêncio!

O meu herói

Será que há verdades que simplesmente gravamos em nós, intocáveis. Porque é suposto serem verdades inalteráveis para sempre. Há um laço, indestrutível, ele é o Pai, eu sou a filha.

Ele mostrou-me o mundo, incutiu-me o seu espirito aventureiro. Ele, desligado de tudo, mostrou-me a luta por viver acima dos preconceitos, das regras, do normal. Ele mostrou-me a adrenalina do risco, do desconhecido. Ele deu-me liberdade, levou-me por rios, por mares, ele fez-se à praia apesar dos acenos dos pescadores tão conhecedores daquele mar. E o barco virou, e nós caímos ao mar. Quando regressámos era noite, e eu nadei com medo até à praia. Ele nunca seguiu o caminho fácil, levou-me por estradas de terra, guiado pelo seu instinto, tantas vezes nos perdemos. Ele quis sempre mais, lutava contra as regras, lutava contra a falta de garra. Ele mentia-me para me fazer duvidar, ele contava-me as histórias encantadas de cada canto que visitávamos.

O meu Pai!

O meu Pai exigiu tudo de mim, a escola, a educação, os valores morais, prendeu-me às nossas raízes. Repreendeu-me à mesa, repreendeu-me o Português.

Este quadro que agora pinto, está tão vivo na minha mente, cada momento, cada palavra... Mas ele não esteve lá sempre, ele esteve tanto tempo ausente. Mas quando voltava, preenchia cada falta, superava a saudade. Preenchia o meu mundo e tornava-o maravilhoso. O meu Pai elevou a fasquia dos meus sonhos, dos meus objectivos, alargou os meus horizontes, tanto.

E se quando o tempo passou, quando ele ficou mais velho, tudo mudou? Mudou de forma a já não reconhecer a pessoa que está à minha frente, já não é o herói do quadro que pintei.

E se eu não gostar do homem que ele é hoje? E se eu o condenar pelas atitudes diárias opostas às do meu herói? Ele desrespeita toda a gente, ele maltrata quem mais ama, ele não permite um diálogo, ele não ouve, só quer ouvir-se, quer obrigar-me a aceitar como certas as suas convicções, ele usa e abusa das pessoas, ele humilha os poucos mas verdadeiros amigos, venera gente que nada lhe dá, apenas porque são fracos, submissos e ele consegue manipula-los.

E se eu disser que não gosto do meu Pai? Já não o encontro, não o reconheço, o homem que vejo hoje raramente me faz recordar o meu Pai.

Às vezes sinto isto, tantas vezes. Automaticamente sinto uma culpa insuportável, ele é meu Pai! Mas também é homem, é gente. e eu não gosto do homem que ele é.

Às vezes, numa ou outra ocasião, apenas quando as circunstâncias da sua vida o permitem, apenas quando ele tem à sua volta aquilo que quer, apenas quando os que o rodeiam tomam a atitude que ele quer, eu percebo que o meu querido herói ainda vive, mas ele está demasiado condicionado nem sei por o quê. Está enterrado num sitio demasiado profundo, e quando sobe à superfície, onde fica visível aos meus olhos, eu sinto uma dor incomensurável, uma culpa...

Porque se o meu herói ainda ali está, porque é que eu não gosto do meu Pai?

Pode ser um tremendo egoísmo meu, ele cresceu, envelheceu e eu estarei talvez a exigir que ele recue uns 25 anos, e isso, eu sei, não é possível.

Tenho eu que aceitá-lo como é? Agarrada a lembranças de um homem que já não existe.

Digo que não gosto do meu Pai, mas amo tanto, tanto o meu herói. E sei que ele vive e viverá sempre comigo, ao meu lado, disposto a tudo para me ajudar, para me amparar, para me apoiar.

Será simplesmente o sentido que ele quis dar à sua vida que eu não suporto?

Escrevo isto, com uma lágrima e com a culpa de uma filha...

Amo-te tanto Pai, o que aconteceu contigo?

Eu também, eu também!!


E não é que eu também estou muito satisfeitinha comigo.... Alegria, alegria...

Roda da fortuna

Há quem siga esta ideia, na nossa vida como numa roda gigante, ora está em baixo onde apenas se vislumbra chão, ora está lá em cima onde o céu é o limite.

Pois que finalmente chego a casa. Deito os pirolitos. Sento-me no sofá ligo a SIC à espera de ouvir "a" derradeira entrevista do nosso menino Sócrates, cheguei tarde e ouvi: "Tenho gostado de mim!"... ainda tentei ouvir mais qualquer coisa, mudei para a 2, nem queria acreditar, o nosso outro menino Major, o Loureiro, estava numa janela e dizia: "Daqui não levaram nada, nem um papelinho...", logo de seguida o Magalhães...

Vou para a cama, ler o final da Sierva Maria de todos los Angels, não tenho nem mais um livro para ler. Vou dormir!

Isto não é fácil...

O meu espacinho é Meu! Portanto vou desabafar! Não é poesia nem uma história fantástica, ninguém morreu, não são palavras bonitas cheias de inspiração.

Portanto não é para ler!

Tenho febre, doí-me muito corpo, estou enjoada!

Acordei e não havia gás, tentei tomar banho e não consegui, cheguei a Lisboa e um gato saltou para a frente do carro, dei um grito histérica e assustei os pirolitos. Acho que sobreviveu, o gato. Mandei vir o gás, avisei que o cão estava solto, o Pedro estava a dormir, tinha que ser depois de almoço. Ok, nove e meia da manhã: "Estou, D. Inês, o cão está solto!!!"

O cão, o cão decidiu roer as calças novas do Pedro, nem quero pensar muito nisso.

Não me apetece trabalhar, não me apetece pensar no jantar que não sei o que vai ser. Odeio cozinhar. Odeio aspirar, odeio passar a ferro.

Esta mistura quase promiscua de Pai e chefe e casa e escritório e empresa e namoradas do Pai está longe do suportável.

Sou forte, obrigo-me a sê-lo, convenci-me que passaria isto com uma perna às costas, fui assolada por amigos com palavras que me dão um sentimento de responsabilidade que não quero: "A tua coragem é invejável", mas qual coragem, esta merda tem de ser! Não tenho escolha, não sou de esperar...

Sou impulsiva e sofro por me conter, e tenho que me conter diariamente. São as conversas acéfalas que me rodeiam, é a urgência de tratar de assuntos sérios que é constantemente preterida em função de devaneios e loucuras. É a minha complacência, porque neste momento não me apetece discutir... Prefiro os Hum Hum ou está bem...Whatever!

É a merda da Via Verde que agora fica laranja e não me apetece telefonar e perguntar porquê. É a puta que continua a cirandar à minha frente. É o tamanho ridículo dos Ben-u-ron 1g, que baixam a febre mas parece que ficam na garganta durante horas.

É o festival do Panda com a família feliz do Ruca, que o meu pirolito quer ir ver... eu que não fui ver AC DC...

Hoje é quarta feira, vou habituar-me, à terça é a traulitada mor do meu tratamento, justifica o físico e justifica o meu estado à beira de um ataque de nervos.

Isto de ter um blogue é porreiro...

As máfias


"O maior banco espanhol, o Santander, e a maior caixa de aforro do país, a Caja Madrid, criaram uma linha de crédito para que o Real Madrid possa financiar as contratações milionárias de Cristiano Ronaldo e Kaká.
Segundo o jornal Expansion, trata-se de um apoio financeiro de 150 milhões de euros para que Florentino Pérez possa pagar os 94 milhões de Cristiano Ronaldo ao Manchester e os 65 milhões de Kaká ao AC Milan. Cada uma das duas entidades financeiras concederá 75 milhões de euros ao clube madrileno. A entrada do Santander na operação marca igualmente o salto do banco para o futebol, passando a rivalizar com o BBVA, que é patrocinador das principais ligas nacionais espanholas. " Público


Caros concidadãos, estão no desemprego? A corda que vos sufoca não tende a alargar? Pequena empresa no limite do sustentável gostava de ter uma linhazita de crédito? A crise existe? É grande?


Oh pá! vão todos jogar à bola!
Cansa-me pensar em política, enjoa-me pensar e falar da nossa política, já não suporto o tema crise... mas poxas... está tudo a dormir? São milhões amigos, milhões...

O meu Pai

Assunto para dois blogues...

Cheguei e a noticia era que tinha passado mal a noite... mas porquê? Ritmo cardíaco acelerado, sentiu-se mal. Dormia, dormia, não comia e já eram duas da tarde...

Envergonhei-me quando a primeira coisa que me veio à cabeça foi: - Humm... isso cheira-me a fita!

Ah pois... foste desmascarado, mais uma vez... apanharam-te, nem sei se goze contigo com a falta de cuidado que tens quando trais, ou se lamente esse teu vício no jogo do sexo, da sedução, esse teu mega ego da Internet que deixa milhares de loiras burras sem fôlego.

Pois é meu Pai... Se queres investir numa relação, se achas que encontráste a pessoa que te preenche, se é ela quem trazes a casa das tuas filhas, então deixa-te de merdas, deixa-te de jogos patéticos com tudo o que mexe e tem saias, deixa-te de mensaginhas e internetzinhas e conversetas com tudo o que é mulher.

Poxas, achas mesmo que vais encontrar alguem que ature isso?

Fico triste de saber que vais ficar sozinho, mereces melhor. Limpa o messenger, muda de telemovel... ou simplesmente assume... Encontrei alguém, não a quero perder!

Chego a pensar que achas que as mulheres são todas burras! Hellooooo!

A minha filhota

Crescida, linda... Fomos ao Campo pequeno, dei-lhe 10 € porque viu uma mala linda... depois perguntou-me se podíamos ir à Bertrand e depois voltar à mala...

Fomos à Bertrand, escolheu um livro, comprou-o, pediu-me o dinheiro que faltava. Sim a mala era mais barata que o livro.

Este orgulho que sinto é quase insuportável de tão bom que é.

Ontem foi o espectáculo no forum Lisboa, comemorou-se o 50 anos da escola onde anda. Lutei contra mim própria para não pespegar aqui o vídeo que fiz do teatro dela... Hoje faltou à escola, fomos juntas ver outras escolas para onde vai para o ano. Acho que a consegui entusiasmar.

Minha linda amo-te tanto. Tens insistido para que leia os teus livros, já li alguns, mas este, escolhido por ti, que fala de ciência e buracos negros, faço questão de o ler.

Relação!

A minha relação com o meu amor maior, é... perfeita! O sentimento, a paixão, o desejo, até o frio no estômago. São 17 anos...

Ele tem um Bar, trabalha das 16 às 2.
Eu sou mais normal, trabalho das 9 às 5.

Estamos juntos uma hora por dia. Falamos imenso ao telefone. Domingo estamos juntos, o dia e a noite. Cada vez mais, aos Sábados também!!!

Será esse o segredo da nossa relação?

Haverá justiça?

Não vos conheço nem quero. Aliás, quero que ardam no inferno, vocês, uma lista de nomes que a educação manda preservar. Mentirosos!

Vivendinha branca onde cresci, tornei-me maior, trabalhei até à exaustão. No fim... Toma lá que somos mais fortes. Dez aninhos de luta por uma camisola amarela que vesti e não mais larguei. Dedicação e empenho que me levaram longe, longe onde as invejas minam o discernimento.

No final a conta do tribunal. No final o parecer da Relação... Essa grande besta chamada Juiz da Relação, ser humano igual a mim, a quem chamam meretíssimo. Meretíssimos porquê? Ousam opinar, ousam fundamentar decisões em excepções, ousam achar que lhes é devido julgar atitudes, julgar motivações, julgar, julgar... e ainda tive que me levantar quando entravam na sala. E só podia falar quando mo permitiam... Que merda é esta? Não lêem jornais? Será que acham que têm impunidade inata? Corruptos, vergonhosos, espero que não durmam à noite!

Naquela vivenda branca cheia de carros amarelos, a Sirti Portugal, trabalhei demasiado, cheguei tarde ao banho da minha filha, ao jantar, aos primeiros passos, à primeira palavra.

Apesar das dúvidas que me assolam acerca do nosso sistema judicial, apesar da convicção que tenho de que quem rouba e é grande, ficará sempre impune.

Apesar de tudo, quero dizer-vos seus animais, vão à merda! Quero dizer-vos que fico feliz por saber que essa vivendinha está minada de inspectores, judiciária, GNR e afins... vá meus meninos, vasculhem isso tudo, recuem a 2001, vejam o negócio da compra da Sirti por um Euro, leiam o meu processinho arquivado. E vão novamente à merda! Vocês os outros e ainda a pseudo inspecção tributária.

Queridas PSP, GNR e afins...


Eu sei que ia a falar ao telemóvel em plena A8... Paguei a multinha... recebi a douta decisão, 90 dias sem a minha cartinha... obrigada excelentíssimo juiz por me suspender a pena por 180 dias... obrigada! Sou-lhe eternamente grata.


Agora ouçam-me caladinhos e respondam:

Eu não posso falar por uma caixita, Mas posso, em plena auto estrada, em plenas obras num alcatrão cinzento pintalgado por riscos amarelos ofuscantes que delimitam duas faixas onde a maioria dos condutores portugueses não cabe, analisar calmamente uma placa imensa onde são dados a conhecer os preços de quatro combustíveis em três áreas de serviço distintas e as respectivas distancias de localização... três linhas, quatro colunas, mais as distâncias e... os preços são levados à milésima.


Posso parar o carro para ver melhor?


E em plena cidade de Lisboa, posso deixar passar o verde do semáforo para ver melhor as televisões lindas plantadas em todo o lado?


Vão dar banhinho ao cão... vão roubar para a margem sul... diz que lá há camelos!

Confissão de um 4606

Confesso:

Assusta, pensar que sou eu quem vai ditar o raio dos efeitos secundários...

Dr. House: Isso?? isso é normal, os enjoos? dores musculares? se me falasse de sintomas estranhos...

Juro que para a semana lhe telefono a dizer que me cresceu uma orelha no rabo!

Confesso 2:

Estou mais calma, afinal é normal...

4606... merda

É Domingo...

As duas ultimas noites não foram boas.
O enjoo matinal é desesperante.
Dói-me o corpo.

Amanhã logo cedo o Dr. House vai ouvir-me!

Analisar

Porque raio tenho que analisar tudo, comparar, inventariar.
Palavras, sorrisos, situações... Tenho que explicar tudo? Tenho que encontrar motivos, mesmo nas entrelinhas, tenho que justificar emoções e desabafos?

Nem às vezes os meus...

Será difícil aceitar plenamente que... está tudo bem? Será a ansiedade instalada que me faz duvidar desta forma? Está tudo bem? Porquê?
Se nestes últimos anos houve sempre qualquer coisa que esteve tremendamente mal, ou nestes últimos anos dei demasiada importância ao pouco que esteve mal e nem liguei ao todo, ou quase todo que esteve perfeito?



Perfeito... quando queremos, quando lutamos, quando preterimos...
Perfeito ... Quando banalizamos o que não pode interferir no que mais amamos.

Sou tão complicada, gosto tanto de ser complicada.

Socorro....

Não reconheço o meu espacinho, estou vesga com cores e flores ... mas tenho um contador!!! Viva viva...
Se gosto?? Ainda não percebi....

e não é que me apetece escrever??

Manhã logo pelo hospital, mais uma litrada de sangue para análise... eu própria estou em profunda análise. Correu bem, enfermeira espanhola e mal disposta, mas a Visão saiu hoje e distraiu-me. Dr. House simpático, preocupado...vêmo-nos na segunda. Até lá então.

São 9 os comprimiditos por dia, mas hoje... Oh hoje, é dia de eu própria me mutilar espetando uma agulhita (ok é minima) no meu próprio corpinho lindo! Hoje é que a coisa chateia mais, meus queridos enjoos vão tornar-se num febrão desgraçado, lá para o final da noite. Que interessa? Ben-u-ron serve exactamente para isso!

Estou contente, bem disposta e chego a ter medo deste meu estado de graça...

Mau, mau, mau

É fazer um corte no dedo, e ter que por um penso da Hello Kitty...

Como se não bastasse o ataque constante à sanidade, à cultura, as tentativas de estupidificação em massa, as Barbies, a TVi, as noivas de Santo António, o B-Groselha e o meu fracasso na culinária...

Vem o penso!

A Matilde

Ela é bonita, tem um semblante austero mas um olhar carinhoso, é sóbria e sobriamente se veste, unhas arranjadas numas mãos onde se vê marcado o trabalho que não teme. A sua voz é grave, directa e assertiva. Quando ri, o som inunda o ambiente, quando canta deixa transparecer no olhar alegrias de menina que dançou e cantou muito. Matilde poderia ser a mulher do leme... Uma vida onde quarenta e poucos anos passaram sem muita leveza... batalhas atrás de batalhas, muitas delas sem que estivesse na linha da frente mas, ao fundo, onde as guerras faziam mais baixas. Seguiu atrás de metas e sonhos, lutou incansável contra amigos, família e seguiu, seguiu os sonhos que, aos poucos, se foram materializando.

As nossas vidas cruzaram-se há mais de quinze anos, odiámo-nos por tudo e por nada.

A figura austera e fria, a ausência de um sorriso...A marca indestrutível que deixava naquele que eu queria que fosse só meu mundo.

Matilde teve duas filhas, fez delas sozinha, duas crianças maravilhosas. Construiu a casa com que sonhava, construiu a vida com que sonhou.

Foram passando os anos, fomo-nos cruzando. Em silêncio questionámos o ódio que sentíamos, observámo-nos, ouvimo-nos. Respeitámo-nos.

Um dia, uma dor, um diagnóstico, uma operação, um desígnio injusto, uma aberração de uma simples célula entre milhões... depois a quimioterapia. Para mim, um turbilhão de momentos, imagens, sentimentos, lágrimas, medos. Afastada fui observando, estando lá quando achei que devia estar, e quando estava envergonhava-me da minha fraqueza.

Um dia, sozinhas, questionei-a:
- Preciso saber Matilde, tu és mesmo esta mulher de ferro, ou há alturas em que quebras, baixas os braços?
Matilde fez aquele sorriso lindo que tem, quando até os olhos parecem beijar-nos e respondeu encolhendo os ombros numa atitude humilde e carente que eu desconhecia nela:
- Às vezes!

Nesse momento quis tanto abraçá-la, gostei tanto dela...

Ainda não acabou a luta da Matilde, já lá vão seis meses... Nada parou, nem a casa, as meninas, as festas de aniversário, porque ela inundou-se de vida, como se esta lhe fugisse. Nunca ouvi uma queixa, nunca foi nem é, afirmo-o eu, vitima de nada. Nunca pediu nada. Matilde continua no leme da sua vida, com a sua voz grave, o seu olhar carinhoso.

Elevei a minha Amiga Matilde ao patamar mais alto da caixinha onde arrumo imagens de pessoas que me rodeiam.
Muitas vezes vejo um esforço quase desumano, uma fobia de alegrias, um correr quase obstinado. Matilde mostrou-me a dimensão de alguém que contrariou o rumo da sua vida e, sem olhar para trás, sem baixar os ombros, enaltece as pequenas maravilhas que a vida tem.
Matilde fez-me pensar no quão fácil é deixarmo-nos fluir em lágrimas e derrotas, atrair as atenções e as multidões mostrando a infelicidade e repisando no drama. Matilde mostrou-me a infinita capacidade que ela tem de oferecer a si própria os melhores momentos.

Bem hajas Matilde, por me teres deixado conhecer-te um bocadinho, por teres aceite a minha companhia no teu primeiro dia de quimioterapia. Obrigada por teres elevado a minha fasquia.

Hoje, se me apetecesse lamentar-me porque estou enjoada e me dói o corpo, não iria ser capaz.

Por ti, pelo que me mostraste, pelo que me ensinaste, gostava de dizer-te: - Conta sempre comigo!

Familia

Os meus Pais estão separados há uns 15 anos... A minhã mãe decidiu oficializar a questão. O divórcio é hoje. Para a Mãe é doloroso, é um marco, um final! Para o Pai é uma perda de tempo, uma seca!

Ontem estavamos juntas e eu ouvi uma conversa da minha mãe com a irmã dela...

Mãe: Olá mana...
Tia: Amanhã queres ir ao campo pequeno? Tourada!
Mãe: Olha, pode ser uma óptima forma de comemorar o meu divórcio!!!

Blá blá bla gargalhadas!

Hoje (dia do divórcio) almocei com o meu Pai...

Diz-me ele:
O que achas de eu ir com a C. (nova e 358ª namorada) ver a tourada no Campo Pequeno???

Eu: Acho óptimo!

Não preciso mesmo disto... não é meu problema, finalmente estão divorciados!
Já não há pachorra e hoje estou muito enjoada!

A puta

Só dedico um post a este assunto porque ele já não tem a importância que teve, mas continua a influenciar a minha vida, ou pelo menos o meu estado de espírito. Talvez porque nos momentos menos bons, não tenhamos o discernimento necessário, não possamos ser racionais o suficiente, ou talvez nem devêssemos ser, assim a fúria solta-se, ficamos mais leves. Por isso escrevo e também por ter ouvido uns zum zuns que afinal não sou um caso assim tão raro.

Sei, e sei mesmo, que a infeliz da puta da minha vida, (perdão Garcia Marquez) não vai desistir. Sei que a infelicidade e os distúrbios mentais que a atormentam não vão passar.

Mas mesmo assim, mudámos de nº de telefone. Desta vez o do Pedro, até porque era a vez dele.

Há vidas carregadas de uma imensidão de tristeza, de solidão, de falta de valores e estatura moral....

Chega de perder tempo. Vou fazer o jantar!

Importante mesmo é sentir-me melhor hoje!

Já está! Sou o 4606!

Começou hoje... Um dia difícil, desde as 9 no hospital, tirar sangue (muito), electrocardiograma (está óptimo), pesquisa de retinopatias (nenhuma) e muito tempo à espera de tudo. Apesar de já poder dizer que tenho um tratamento muito especial dentro do hospital (nem quero entender porquê).
Quatro comprimidos dos tais (em estudo), mais três dos antigos e a maldita injecção. Não me sinto muito bem, já tive febre e parece que estou com gripe...
Sinto que preciso manter-me positiva.
Aqui o meu espacinho não vai ser nenhum muro das lamentações, vai continuar a levar com os desabafos da Pipoca que por acaso anda a levar com umas traulitadas químicas... para seu bem. Não me move nenhuma campanha de luta ou solidariedade por nenhuma causa. Nem me sinto na obrigação de pôr ninguém a par de nomes de fármacos, nem nomes de estudos, nem nomes de laboratórios. Darei obviamente todo o apoio a quem precisar de qualquer tipo de ajuda... Mas não no meu espacinho. Meu e-mail tá ali... algures...

E amanhã não vou trabalhar!

Dia Mundial da Criança


Pensei numa mensagem muito especial, porque hoje é um dia muito especial!
Pensei enunciar aqui os direitos das crianças...
Pensei falar das minhas duas crianças...
Depois pensei na Joana, no Zé Pedro, na Angelina, na Vanessa, a Catarina, o Yuri, a Mónica e a Ana Sofia.
Pensei encher este post com ligações a tantos documentos que falam de crianças.
Pensei nas mais de 200 milhões de crianças em todo o mundo com menos de cinco anos que não desenvolvem o seu potencial intelectual devido à fome, má alimentação e pobreza.
Pensei no milhão de crianças indefesa no Darfur. Pensei nos milhões de crianças sub nutridas na India. Pensei no nosso país, nas crianças de dão entrada nos hospitais desidratadas e mal alimentadas. Lembrei-me dos casos mediáticos que afinal não são nada quando incluídos nas estatísticas.

Depois pensei na fome, nos maus tratos, na violência, no tráfico, na pedofilia, no trabalho infantil.

Pensei na solidão e no medo.

Afinal tudo isto está à nossa frente, claro, transparente, denunciado.

e nós????

A minha homenagem hoje a todas as crianças é simplesmente uma frase:

É nosso dever! É nossa obrigação!

e deixo os contactos:

"Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco
Rua Castilho nº 5 – 3º andar
1250-066 Lisboa
Telefone – 21- 3184900

SOS – Criança Telefone – 217931617 (dias úteis)

Criança Maltratada Projecto de Apoio à Família e à Criança
Telefone – 213433333 (dias úteis , das 13 às 20 horas)

Recados da Criança Telefone – 800206656 (chamada gratuita)

APAV Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
Telefone – 218884732; 218876351