Minha Flôr




Há 13 anos atrás, eu descobri que, afinal, há mais para além da paixão e do amor. Quando nasceste eu chorei.... Quando choramos há algo que nos magoa. Quando eu chorei há 13 anos atrás,chorei de uma imensa alegria, um sentimento dilacerante, lindo, uma alegria que magoa a alma, eu estava apenas a sentir amor... de mãe... por uma filha. É diferente de tudo!!

Parabéns Flor, tens 13 anos.

Gostava que fossemos mais amigas. Mas eu tenho esta tarefa chata que é educar...

Gostava de aceitar melhor a tua distancia...

Estou sempre aqui para ti, para tudo,,, E tu és linda, uma filha fantástica!

Amo-te, aquele amor que dói de tão grande que é...





















Não sei se foi há dois meses ou há dois anos que me deixaste. Sei que levaste contigo ou levaste de mim a dor que nunca quisemos que existisse. Foram tempos em que tentei ignorar, tentei esquecer mas a tua imagem apertava-me o corpo e a alma, dilacerava o meu íntimo e eu não queria ver... Havia a obrigação de te acompanhar, mal o fiz, eu sei... Mas sei também que não me quererias a teu lado, assim... Tu, a minha avó, sim minha e só minha! Que deixas marcada na minha alma a lucidez do amor, a garra da servidão, a alegria de ser e a procura de mais… Fiz no tempo uma marca, o antes e o agora. E entre o sempre e o hoje, quero esquecer como tu já o fizeste, há 2 meses ou há um ano. Agora que me doi, preciso falar antes que o bom senso e a vida calem o que me grita cá dentro.

Sinto-te em todo o lado. Sinto-te em mim. Estás no meu quarto quando me deito, estás na cozinha quando te recordo, está em mim, em todo o lado. Tive medo, tanto medo quando o senti... agora desejo-o e só queria uma prova que és real e não a minha insanidade cheia de saudades. É reconfortante esta presença, mesmo que atente contra o meu acreditar, é o quente da avenida e o quente da vida que ainda transborda do teu olhar, aquele que eu quero recordar... os teus olhos verdes raiados de mel e a realização de um dever, sentido, de mãe e mulher!

No Verão, quando estivemos juntas, os teus olhos dilaceraram-me, o negro, profundo, cerrado... já não estavas comigo... aqui! Disse-te: Até já avó... Foi aqui que passei a linha... e cheguei ao hoje.

O meu luto estava feito, tu sabes, quando olhei a minha roupa, quando guardei aquela roupa preta...

Quis saber se estavas bonita, como querias… Queria eu essa fé, seria mais feliz!

Fica comigo avó, preciso de ti, preciso entender esta imagem que obsessivamente me assola, e és tu… que eu obsessivamente admiro e amo.

Tenho rezado, à tua maneira e à minha maneira… e depois adormeço, feliz e preocupada e cheia de saudades.

Tenho medo do que aí vem… tenho medo do medo….

 
Falta-me o espaço e falta-me o espírito, o mundo corre à minha frente e eu não o consigo apanhar. Há dias em que eu cresço dentro do mundo, há dias em que o mundo me destroça e me amassa e eu fico quieta...
Queria alguma paz...
Falta-me o espírito, a alma, a paixão. Tudo corre em mim como o sangue que tem de correr, sem garra, sem festa! Cada grito de dor é calado por mil palavras de desaconchego, cada lágrima de dor é seca pelo tornado de vidas idiotas que enchem tanto os meus dias. Quero o espaço, quero a alma, quero querer...Cada passo é manchado por palavras, cada choro é traído por risos falsos... Queria ser chão de terra e luz... apenas... para poder receber o calor do sol e simplesmente agarrá-lo, só para mim... e depois... acordar repleta de mim como me conheço, sim... é de mim que sinto falta, não sei onde ando, sei que me quero!

Mais um hoje

Por muito difíceis que sejam as decisões, quando as tomamos e as pomos em prática, fica em nós aquela sensação de paz, de dever cumprido.
Quando as nossas decisões afectam outros, cabe-nos assegurar que essas decisões tiveram o efeito que esperávamos. Este é o bla bla bla...

A realidade é que não é mais possível manter o Diogo num colégio, a crise e o raio que a parta... O Diogo é o meu menino sensível, sim ele é sensível, hoje perguntou-me porque é que eu me preocupava com ele... eu expliquei e ele respondeu: - Mas mãe, eu preocupo-me mais contigo do que comigo, por isso não te preocupes também. Durante toda a noite fez-me perguntas, as mais lindas, as mais sinceras, as mais preocupadas, todas a que eu respondi:... Eu vou estar lá contigo! O Diogo é o gigante que aceita os efeitos da crise e depois, lá no seu mundo pergunta como será que vai ser... E eu não sei, sei apenas que estou aqui para o acompanhar. Hoje joguei à bola e brincámos à apanhada... O Diogo vai para uma escola grande, com muitos meninos, acabou o mimo das meninas que o carregavam no colo. O Diogo teve um excelente resultado no seu 1º ano, isso é bom...

O que mais custa??? Custa a incógnita, custa saber como vai ser, onde vai ser, onde há uma vaga... Custa olhar nos olhos daquele menino, ver o medo... A única coisa que quero é ser forte o suficiente para lhe mostrar que a vida está só a começar e que ele vai ter mil amigos, e eu... vou estar sempre ali, basta chamar....

Amanhã vou saber onde há vagas...
Eu tenho um filho tão maravilhoso... Como o Pai...

Na quinta vamos a mais um ortopedista, este recomendado pelo prof avô. Por mim chega... pelo meu Diogo também...


"Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!"

... Soubesse eu que me escutas, Mãe!
Que no teu balbuciar que não entendo,
quando não me respondes,
eu perceber que não és outra, não me enganas, não te escondes!
Beijo-te as mãos e o rosto e sinto frio.
Por detrás do terror deste vazio
O da perda que já sinto, porque vais deixar-me.

Inerte na ponte onde o mistério da vida te acolhe
sacia meu egoísmo, diz-me que me escutas
quando afago as tuas mãos que definham,
acaricio os teus cabelos, no olhar perdido do adeus,
jurar-te ao ouvido que não poderei esquecer-te.
Porque serás eterna para todos os que deixas e te amam."
 
 
Escreveu o meu Pai, estas palavras que também me cortam a alma...

Vê-lo sair da cama, cheio de sono, a coxear muito... Parte-me o coração!

Há 5 meses que ele não tinha dores... o dia hoje foi alucinante, ortopedista que diz não ter um diagnóstico, escreve uma carta ao pediatra, fechada, vamos ao pediatra, pediatra quer análises ao sangue já, vamos onde elas se fazem a esta hora, ele deita uma lagriminha, talvez porque sente a minha aflição ou talvez porque fazer análises não seja simpático.

Há umas doenças más, do foro reumatológico, os próximos exames a fazer são demasiado invasivos e dolorosos para o meu Diogo, há que evitá-los. Quando ele coxeia, compromete o bom desenvolvimento da outra perna e da própria estrutura óssea.

Pausa....

Há dois anos atrás o Pirolito acordou uma manhã a coxear, e isso acontece de vez em quando, de mês a mês, já fez inúmeros exames, já lhe diagnosticaram doenças com nomes estranhos, já lhe disseram que ele não iria ser um Cristiano Ronaldo... mas... afinal, não se sabe o que ele tem!

Hoje ele estava muito mal, pisava o chão com a ponta do pé, encontrou uma forma de andar e de correr que assusta tanto!

Agora eu só queria entrar no site da clínica onde ele fez as análises e saber o resultado, e não consigo. O cansaço deu lugar a uma imensa frustração. Já tentei vezes sem conta e não dá. A verdade é que quem sou eu para avaliar resultados de análises? eu que tão bem sei que não devemos andar na net à procura de doenças... Mas eu queria ir dormir... sem esta ansiedade.

Nós temos dores e vários tipos de maleitas e superamos tudo à nossa própria maneira, num filho não... não descuramos, não fantasiamos... queremos tudo, o melhor!

Pois, estou exausta, com medo, com medo da responsabilidade de aceitar o que vier... Dói-me a alma porque aquele menino não merece...

O Diogo é um menino muito especial.

O meu 25 de Abril

"Amanhã é Sábado porque: - Havia sempre os mesmos 1º ministros... Sempre, sempre. Não podíamos dizer que não gostávamos deles, senão vinha a policia e prendia-nos. Depois houve uma guerra e esses 1º ministros foram presos! Depois já podíamos dizer que não gostávamos deles. A ponte, por exemplo, chamava-se Baltazar e agora chama~se 25 de Abril porque ninguém gostava do Baltazar!

Diogo, 6 anos

e eu peco por não aprofundar porque com os seus seis anos ele é uma máquina de aprender. E eu estou aqui para ensinar.

Fui a Braga, foi o melhor possível. agora tenho o impossível... (Parei quando escrevi impossível, nada deveria ser impossível, mas é como o enfrento, como um ser impossível, pela idade, pelo seu ser... Restam-me as poucas alternativas.

- Diogo, foi a explicação mais bonita que já ouvi... Mas amanhã não é Sábado, é feriado!

Agora vou forçar-me a ouvir a Mariana a ler um livro do Tom Sayer em inglês.... era o trabalho de casa de Inglês e a Páscoa já passou...

Bom feriado!

Eu...

Eu sei que não tenho ligado muito ao meu espacinho. Falta de... de tudo?

Amanhã vai ser um dia importante, vou a Braga e muito depende dessa ida. Estou nervosa e ansiosa e com medo.

Não estou propriamente nos meus melhores dias, semanas, quase meses... A minha vidinha profissional está à beira de um precipício, nas minhas mãos estão alguns vectores, não todos! No que me concerne, amanhã espero tudo...

A Mariana está a esgotar os meus recursos, que raio de 12 anos são aqueles, alguém me reconforte e explique... Sinto que existe um oceano entre nós.

Hoje a vontade foi suficiente, mas o cansaço vence e não consigo escrever mais.

Estou numa fase má, mesmo má... Vai mudar com certeza!
- Mãe, aprendi tantas coisas novas nestas férias!
- Foi querido?
- Sim! e aprendi contigo, é bom não é?

Eu? Sinto-me exausta, das férias, da casa, da vida. Ouvir isto chama-me a alma!

Amanhã vou a Mértola, com os filhotes e a mãe e a tia... a avó faz anos. Preparámos um piquenique... que não chova!

Eu...

Apesar do medo, sim tenho medo, medo do que desconheço, a Flor ficou duas semanas de castigo. Estar sem net é um castigo bastante. Não houve grandes conversas, o que me entristeceu... ela brincou com o irmão, teve tempo para pensar, teve tempo para sentir que podem existir consequências, apesar de na escola não existiram nenhumas. Fomos ver o mar e brincámos e ela brincou porque ela tem 12 anos e, apesar das pressões imensas que sofre no mundo dela, ela tem 12 anos... sim... é esta a minha opinião.

A pressão do grupo é fortíssima, cabe-me captar a sua atenção para o que eu acho ser o essencial, dado que o grupo diverge para o acessório, infelizmente!

Este 3ºperíodo vai ser uma tarefa para mim, estar atenta, menos condescendente, mais activa e perspicaz... vai tudo correr bem, tenho a certeza.

O Pirolito trouxe trabalhos para casa... um dos trabalhos era ler umas palavras...
- Mãe, tenho que ler para tu ouvires.... é o trabalho, senão eu falho!

Que dizer, continua a surpreender-me, pela sensibilidade, pela responsabilidade.

Eu... sobre mim não falo agora, a roda está por baixo, sim, a da fortuna, interior pelo menos, deixo que o tempo amenize e me faça entender! Não está fácil!

Amanhã fico por casa ... a montanha da roupa persegue-me e a casa precisa de mim...

Hoje fomos ao museu da Lourinhã... dos Dinossauros, os meus parabéns, de uma coisa pequenina conseguiram um momento cheio de cultura e aventura... o que é difícil!

Na sexta vou a Mértola, a avó faz anos, 92, não creio que o entenda... mas vou e levo os bisnetos porque ela merece tanto!

Estas férias da Páscoa estive em casa com os míudos...  Tivemos algum tempo e ter tempo é bom, ver um filme, cantar uma canção, rir, brincar, tempo... tempo... é um bem precioso...

O meu espacinho a contar a historia do meu espaço... é isso!

Ser mãe é ...

Achei há já algum tempo que o que nos separa é muito! Aceitei há já algum tempo que, para te acompanhar, não posso ser só eu, tenho que crescer num espaço que desconheço.

Mas...

Há o essencial, o básico, algumas regras, muitos valores...

Quebraste tudo filha! Nao sei porquê, não sei porquê!

Quebraste o essencial, a verdade e a confiança! Agora disse-te o catigo, olho para ti e sofro porque sofres também... Não posso esquecer o castigo, não posso esquecer o que quebraste. Amar como eu, como uma mãe, é tramado.

Num dia, desta semana, vamos ver o mar... queria que te deitasses no meu colo e me contasses tuso, mas acho que vamos só deixar que o mar nos invada, se tu deixares.

Não sei o que se passa contigo, sou tua mãe e estou longe... De certo? Há o estar aqui... e estou, à tua espera para quando quiseres ou precisares.

É doentio, o amor que sinto por ti, deverá ser o amor normal de qualquer mãe, não sei, sei que o meu dói...

Agora tiveste graça...

A adolescente quer ir à baixa... Já se aventurou sozinha num autocarro até casa da avó e já passeou pela Guerra Junqueiro, agora quer ir à baixa, como se isso fosse o grande passo em direcção à liberdade.

Porque é a baixa, aqui a galinhola disse dois redondos nãos!

Ontem foi-me apresentado um abaixo assinado pela tão ambicionada ida à baixa. Tinha as assinaturas da turma inteira e mais umas quantas mensagens abonatórias de algumas amigas.

Não resisti e ela lá vai à baixa...

Parece que um bocadinho de mim se está a espalhar por esta cidade...

Florinha

A preparar-me para tentar ter uma conversinha... séria... esta noite.

Assunto:

E mail da directora de turma... faladora e distraída. Trabalho pedido em Janeiro, um simples poeminha sobre amor ou amizade... não tratou!

Vamos tentar uma leve abordagem sobre obrigações... levezinha!

De volta...


Pronto, já me escortinharam, já passei uns diazinhos em casa da mãezinha e, finalmente já estou em casa!

Correu tudo muito bem apesar das dores que ainda persistem. Agora é só portar-me bem e devo ficar novinha em folha.

Os dias em casa da mãe foi como voltar à infância, sem miúdos para levar à escola, sem almoços para fazer, sem roupa para tratar...

A saudinha quando falta grita-nos bem alto que temos que a ter em grande conta, às vezes esqueço-me, faz-nos pensar o quanto a devemos preservar e cuidar. Afinal é tudo!

Este vai ser um bom fim de semana!

Não sei bem onde estás...
Não estás perdida porque te sinto, não estás aqui porque não comandas... Ficas ao lado, só a observar! Não te condeno, os dias passaram e o corpo seguiu aquele rumo mais fácil, dormente, horas e horas que se revesam num alternar de rituais, competente, a horas, cumprindo o minimo! Um minimo dificil, eu sei, mas tão aquém do nosso sonho. Posso dizer "nosso" ou estaremos tão distantes e incompatíveis que os rumos se desviaram de uma forma inalterável? Já não somos nós?

Não sei onde estás, mas sei onde te procurar, o negro destes dias tem-me afastado e eu deixo, deixo-me estar, naquele rumo mais fácil, mas nos segundos que medeiam um dia ou uma noite eu penso em ti e quero-te e preciso de ti... e estás ali quieta à espera de um grito!

O grito! Esse que me desassossega, que se entranha numa luta e não quer ser ele, esse grito que se cala sozinho.

Não sei onde estás mas estou aqui à tua espera... eu encontro-te, eu sei !
Vou emitir títulos das minhas dívidas particulares... Alguém quer comprar???

Muito medinho...

A hernia eu sabia... o raio da dor não passava... fui ao médico...

- Podemos operar de segunda a oito dias?

Agora que já não estou em choque estou cheia de medo.

Pronto!


Só porque hoje é dia de Reis... e isto é tão giro!!

Sinto-me assim em estado de graça...

Será que vou começar a escrever outra vez???

ano novo

Começa sempre com muita força, cheio de sonhos e esperanças e ideias... Que se mantenha essa força...

O que passou deixou muitas marcas, com o tempo vão-se transformando e, como sempre, tento que essas marcas sejam reforços dos alicerces que nos suportam... Que sejam!

Que seja um bom ano este...