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Não encontro forma de começar... O que tenho aqui dentro e quero deixar aqui... é sobre a idade, sobre o tempo passado, sobre vida...
Inclino-me sempre para um rol de queixas mas não as quero, um ou outro cabelo branco, a pele que já foi mais lisinha, e... e mais nada!
A verdade é que estarei a passar pelos melhores anos da minha vida... e só me apetece queixar-me.
Talvez se aqui o deixar, o interiorize, o deixe entrar na minha alma para que ela se livre de queixas...
... e se a minha realização pessoal transcendesse o trabalho e o emprego e o dia a dia ? e se o carro e a casa e a roupa e a imagem ficassem num nível mínimo da minha sobrevivência e eu simplesmente me elevasse para o que de mais verdadeiro se passa à minha volta? Muitas vezes o exercício é difícil... faltará o estímulo.
Diante de uma paisagem, diante do mar, diante da paixão ou do amor, é fácil abrir o peito e deixar-me inundar desse estímulo. Na corrida louca dos meus dias é mais difícil!
E se esse estímulo estiver aqui, aqui dentro de mim, e eu for simplesmente preguiçosa? Ou talvez comodista, ou talvez seja mais fácil queixar-me!
Não posso enumerar, seria uma vergonha para mim própria... O que tenho de meu, o que me rodeia, a minha família, a minha consciência, os meus valores...As lutas vencidas. Os obstáculos ultrapassados. Que mais precisarei?
Tal como o rio, preciso deixar-me fluir, deixar-me envolver por esse mundo mais acima... Que é meu! Tão meu!

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