Exercicio 1 (honestidade)

Um dia fui magoada. Assim... cruelmente... sem aviso.

Palavras perdidas, vidas cruzadas, momentos, loucuras, distância, sentimentos traídos.

Chorei tanto que fiquei seca.
Questionei, questionei, vasculhei, fiquei exausta.
Extenuada, sem forças.
Quis saber, quis entender, quis ser quem me magoou e perceber o porquê.

Falei, falei, ouvi, ouvi, ouvi, gritei, gritei.

Fui assolada por uma dor cortante, uma mágoa profunda, enchi-me de ódio e de raiva, explodi sempre que o turbilhão se tornou insuportável.

Deixei de acreditar, deixei de confiar, deixei de sentir. Pensei fugir, bater, vingar-me.

O sábio tempo passou... num hora a hora e num dia a dia incansáveis, e passaram três anos.

Entendi o que consegui, percebi o que quis.

Numa qualquer altura tomei uma decisão. Não se perdoa uma dor assim, não se perdoa, não por não se querer, mas por não se conseguir. Eu decidi pegar em cada flecha espetada no meu peito e desfazê-la, olhar para ela, compreendê-la e aceitá-la. Depois decidi juntar peças, os cacos espalhados no meu chão... os intactos e os desfeitos! Olhei do fundo da minha alma para aquela reconstrução e percebi com a ajuda do tempo sábio, que estava linda... mais forte, mais honesta, mais verdadeira e cheia de paixão.

Quando os meus inimigos da minha razão, o ódio e a raiva se afastaram, ficou só a dor. As culpas aceites, a confiança acabada de renascer e a dor.

A dor guardada entre dois tijolos desta construção, às vezes assola-me, por uma música, por um odor, por um acaso ou porque sim.

Sim, ainda a sinto. Mais ténue, mais serena, mas sempre dor!

Ficará ali...enquanto a memória o exigir.

Hoje posso apenas decidir crescer com ela, e tenho crescido, tanto.

10 comentários:

Alda Couto disse...

É verdade que se cresce. A questão que fica é se se cresce bem ou mal. Se se volta a confiar. Se se endurece demasiado...

Anónimo disse...

Pois... a mim ainda me falta superar a sede de justiça para alguns... para outro... não sinto nada. E nada é tão máu... é tão vazio e oco... tão... um desperdício...

Enfim...

Beijicos pa tu!

Bombocaa disse...

:)

gosto tanto do que dizesssssss


tu sabes pa
:)

No Reino do Infinito disse...

Emocionei-me ao ler-te, aliás, como muitas outras vezes!

Se bem que nem sempre se entendem as razões, a vida, o tempo, ajudam a desvanecer o pior...e depois vem sempre um momento em que se consegue sorrir!
Espero que consigas sempre sorrir!
Beijocas

Isabel Rodrigues disse...

Isso faz parte do crescimento.
Na verdade só crescemos na tempestade, nunca na bonança.

Sandra disse...

O tempo e solução para tudo...dizem. Isso e a nossa capacidade de seguir em frente sem olhar muito para trás!!
:)

Pedro Bom disse...

O tempo tudo cura!!

.:: Selm@ ::. disse...

O tempo tudo cura...
Desculpa a invasão!
Bjs

Last Lion disse...

A isso se chama... ganhar maturidade... :)

Não apenas crescer... mas também aprender a lidar de outra maneira com as coisas menos boas.
Ha tempo de cair... outro para levantar... e claro depois há que aprender a evitar esses precalços.

Outros irão cruzar-se pelo caminho... e aí ganharás ainda mais calo e mais experiencia.

Desculpa o testamento.
Mas sei bem do que falo.

Beijinhossss

Luz disse...

Inês,
Dói tanto, mas tanto...
Sei o que é este sentir, este ser-se magoada, sei-o bem e, continua a doer por mais que o queira esquecer..., porque não sou de guardar, mas dói..., seguimos em frente, temos luz mesmo na noite escura em que a lua ilumina o caminho que trilhamos e, crescemos, a dor seja ela qual for faz crescer, faz-nos ver as coisas de outra forma, dá-nos em muitos momentos o discernimento necessário para continuar e podermos ser e não nos deixarmos abater.

Abraço e força de Luz