Eu e a tua adolescência...

Apetece-me contar-te a minha adolescência, tu que insistes em achar que eu nada sei...

Vou mais longe que isso, eu sei que não sei o que é a TUA adolescência, começo por sentir que dos teus 11 anos, ainda faltaria tanto para isso, mas reconheço que tudo mudou!

Queria apenas que falasses comigo, que encontrássemos uma linha mais ou menos paralela, onde pudéssemos unir ideias, só isso! Não podemos estar assim tão longe... Hoje perdeste... eu dou-te o espaço mas tens que o merecer, traíste a minha confiança... perdeste! E eu não vou ceder, porque era uma regra nossa e como tudo na vida há consequências. Dói tanto, se soubesses... é importante? Não! Mas era a nossa regra!

Quero manter-me firme com as minhas convicções, mas insisto em questionar-me se não estarei a exigir demais... exigir de uma forma egoísta e cega. O dilema... Queria tanto que fossemos amigas, queria tanto que aceitasses a minha posição...

Agora estás na cama a ler o livro que te dei e eu estou zangada contigo, mas no fundo da minha alma apetecia-me tanto encher-te de mimos... Não posso porque oficialmente sou Mãe e bruxa e chata e sei lá eu o que me chamas.

Gostava de deixar aqui uma foto tua, uma das 1500 que tens no facebook, mas ironia das ironias, estou a escrever no magalhães do mano, e aqui não há fotos tuas...

Num sonho meu tu foste gerada, por amor, muito amor... depois num tubo de ensaio eu depositava o que de meu te queria dar, o pai podia fazer o mesmo (com a minha censura obviamente) depois era só ver-te crescer e limar uma ou outra aresta que fosse necessária e pronto, era só curtir-te!

Mas afinal, gerada com tanto amor... és uma caixa minada de explosivos que eu tento apagar e, contigo, arrumar. Não filha, nos teus 11 anos ainda sou eu quem manda e por isso a tua solução é falar! Só falar!

Ando à procura de um momento ou de um por do sol para te olhar nos olhos e dizer-te estas minhas fraquezas, mas o medo que tenho que o simplifiques é aterrorizador... Então sou a Mãe, bruxa, má.

Por hoje, que hoje foi duro, quero que sintas que pôr a mesa e os beijos de boa noite não apagaram a traição da nossa regra, por hoje quero que saibas que o amor que sinto por ti leva-me ao fim do mundo para te mostrar que a vida não são imagens, são olhares e lágrimas e sonhos e risos. Como naquela musica, "forget about the prize tags, we just want to make the world dance"

Esta merda é difícil, dou por mim a achar que a culpa é minha, ouvir as mães que me rodeiam é o pior, sagrada arrogância a minha!

Só peço a tal serenidade para ouvir e aceitar o que existe num mundo que viveu 11 maravilhosos anos...

e que se dane o magalhães que tem as teclas todas fora do sitio!

1 comentário:

No Reino do Infinito disse...

É espantoso como consegues exprimir-te e fazer com que sejapossível a mim, pelo menos, entrar um pouco no que tu sentes, como te sentes, fizeste-me sentir impotente perante uma realidade tua que será minha um dia mais tarde, fizeste com oque o meu coração ficasse apertadinho e senti que assim como és Mãe, és uma Mulher incrível, sábia, muito presente, és um bom exemplo que tentarei seguir.

Beijocas e esperanças e desejos que sejam poucas as regras que a tua filha quebre, ela que tem tanta sorte e tanto amor....mas eu sei que é inevitável estas quebras de confiança....infelizmente!