Vida! e a minha Hepatite C

Crescimento, dias, horas, momentos. Amor, alegria, dor.
Brinquei com a minha vida sem a noção do que fazia. Tinha 16 anos. Usei drogas durante mais 8. Fui descendo um poço escuro onde eu via cores e via aventuras. Quando estava muito próximo do fundo desse poço, senti que a velocidade da minha queda se tinha tornado incontrolável. Eu não conseguia parar! eu não queria parar, não tinha forças.
Obrigada Pai, obrigada Mãe, pelo amôr incondicional.
Caí e abri os olhos. Tinha um percurso dificil pela frente. A luta foi dolorosa mas venci aquela batalha.
Passaram 16 anos!
Mas a vida muitas vezes condiciona as nossas vontades, os nossos objectivos.
Em 1994 após umas análises, disseram-me que tinha anti corpos de Hepatite C. Quis saber o que isso era. Explicaram-me... - Teve contacto com o vírus e o seu organismo gerou anticorpos.
Que bom pensei eu!
Em 1999 engravidei e tive uma menina linda! Nasceu e fomos ao Pediatra.
A ele, Dr. Lino Rosado, médico do Hospital D. Estefânia, eu devo tudo o que sei sobre os meus filhos, e tudo o que sei sobre a minha doença. A ele eu ainda hoje peço ajuda sobre qualquer duvida. A ele, o meu obrigada!
E foi o Dr. Lino Rosado quem me disse que eu tinha realmente os anti corpos que de nada serviam porque eu tinha o vírus. HCV!
Os dias de espera pelo resultado da análise da minha filhota foram dolorosos, mas ela é saudável.
Em 2000 inicio as minhas consultas de rotina com um Hepatologista. Lá estava o vírus, mas o meu fígado estava saudável.
E saudável ficou até 2007, 13 anos depois da primeira análise.
13 anos de total desconhecimento!
2007 - Vamos fazer o unico tratamento existente para este vírus. 60% de resultados positivos.
O tratamento foi doloroso, tive todos os possíveis efeitos secundários. E o vírus nem quis saber.
Não resultou e agora???

Agora... Presente! A dádiva.

Agora quero viver o sol, a lua, os meus filhotes, o meu amor. Quero deixar memórias de alegrias vividas, de amanheceres ensolarados.

Agora quero aceitar a dádiva, o presente.
Sinto-me bem, sinto-me viva.

Aceito a responsabilidade desta doença. Eu sabia os riscos. Aceito terem experimentado em mim duas drogas que me trouxeram muitos problemas de saúde e não resolveram aquele a que eram destinadas.

Aceito o dia de hoje como um presente.

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