sei lá


Não gosto desta palavra, stress, não sei bem o que significa, não sei bem o que é. Tenho algum receio, eu que gosto de me analisar, que gosto de entender tudo o que se passa dentro de mim e à minha volta, de assumir que estou em, ou com, stress. Gosto de ir mais longe, mais fundo, stress é demasiado vago!
Vamos mais longe e mais fundo... Hoje! As contas para pagar, a discussão com um cliente importante, um fantasma do passado que assombra o meu dia a dia, um jantar que acabou com uma fita do pirolito que alegava uma dor fortíssima na cabeça que quase acabou no hospital, o trânsito e as obras na A8, o carro e o pingo doce, o almoço de amanhã...
Vamos mais longe... e fica mais difícil... A minha avó, a minha querida avó, a minha insuportável necessidade de crescer, a minha aversão ao quieto, a educação dos miúdos, as escolas e os livros, as notas e o melhor e o pior. A minha ambição que não é desmedida mas está demasiado aquém daquilo que tenho. A minha realização profissional que se desmorona numa realidade cruel de um país falido e sem ambições.
Vamos mais longe... quase impossível, a relação que quer mais tempo, muito mais tempo que não tem e que que é suposto aceitar e respeitar que não tem porque não pode, e não pode mesmo. A falta do calor e da companhia e das palavras. A solidão que às vezes é reconfortante e às vezes insuportável. O tempo que passa e não perdoa e devasta a beleza e a energia e a alegria selvagem de quem tudo pode... A imensa, tremenda e por vezes insuportável responsabilidade de, sozinha, ter dois filhos!
O stress há-de estar algures no meio de tudo isto... mas também estou eu... e o stress é o menos!
Por algum motivo, que não sei explicar, a gratidão é efémera, é um facto, todas as batalhas vencidas, aquelas cujo adversário não dominamos como a saúde, de repente ficam para trás, como se de dados adquiridos se tratasse. Burrice mas real. Parece até que tudo o que já passei não deixou uma marca forte o suficiente para abalar o tal stress que se anuncia. Ou então forço-me a parar... mas não se pára nunca, apenas se promovem momentos de alienação, suficientes para sentir a tal gratidão. É triste, mas comigo é assim.
Não, não vou mais longe, tenho aqui o tal espacinho onde despejo estas ideias, onde tento perceber porque chorei hoje, logo pela manhã... fico sem saber, fico sem querer falar de stress, fico com medo daquilo que eu conheço bem demais, que é um sistema nervoso poderosíssimo e que não dominamos assim tão facilmente. Fico com medo de transparecer uma fragilidade exagerada, porque sou forte ou tenho que ser.
Sei lá! Não, não é stress, é tudo o resto, com todos os motivos e consequências, será a vida' talvez... que seja!
HOJE... Quero paz... sem necessidade de analisar as raízes ou as consequências.
Hoje, quero apenas sentir... Sim sou amada, sim sou...
As lágrimas de hoje de manhã... ficarão assim, à espera de um colo, aquele colo, que me vai dizer que afinal, chorar me fez bem!
é stress? Não... sou eu!

3 comentários:

Ianita disse...

Caramba... chora! mas chora muito... descarrega a dor, a emoção que tens dentro. Acumulada. Arrumada porque não a podes sentir. Porque tens de ser forte e não te podes dar ao luxo de fraquejar. Chora. Põe um filme bem lamechas no dvd e lava a alma. Não resolve problemas, mas alivia um pouco o peso.

No meio de tudo, não te esqueças de ti. De aproveitares um bocadinho. O sol. As palavras. O vento na face. Os abraços apertados.

Sorri.

Vive.

Beijos

Alda Couto disse...

Ou a vida :):) É a vida :) Esta vida que nos exige mais do que aquilo que, por vezes, podemos, sabemos ou queremos dar.
Toda a força do mundo para ti. E paz, muita paz que só nela é possível caminhar de olhos abertos.
Beijinho

Vaca na Lua disse...

Os dias tornam-se pequenos para tanto que fazer e enfrentar. Isso do strees é apenas nome que dão à lista de problemas que temos que resolver diariamente, e que no final do dia, acabam, por cansaço, se transformar em lágrimas. Não que resolvam mas aliviam, algumas das vezes.
Aproveita os momentos de sol e os filhotes, toda a força e um bjito directamente da lua!