Despejar...



O lá de casa pifou... e aqui nunca me apetece muito... a verdade é que tenho dado por mim à noite, com uma vontade imensa de escrever, sobre mim, sobre tudo. Escrever limpa-me a alma, arruma a sala, esvazia prateleiras e guarda tudo de novo.
Ando cansada dos miúdos, confesso com alguma dificuldade, os 10 anos da Mariana são verdadeiras batalhas diárias, por tudo, por nada. A corda anda sempre esticada, seria suposto encontrar a serenidade necessária para enfrentar esta idade com inteligencia, sem deixar nunca as emoções interferirem, é tão difícil! O Pirolito esbanja energia, fala, fala, fala, corre, cai muito, chora muito, muito mesmo! Estou cansada de não haver uma trégua, um dia ou dois. O peso de tê-los, de vê-los crescer, de vê-los seguir rumos, a luta de abrir-lhe portas para que espreitem e queiram entrar, é tantas vezes insuportável.
Eu... sinto que estou em mais uma reviravolta, cá dentro. Cada vez me sinto mais afastada do "suposto", afastada das imagens, das falsas certezas, dos falsos lugares... Cansada também do "polite". Sei que consigo ser muito bicho do mato, às vezes, mas essa faceta está mais polidinha. Gosto de mim assim, sou verdadeira, sou o que se vê.
A idade está a custar-me muito, não a aceito bem, não aceito que afinal esta merda não é reversível. Não gosto da ideia de envelhecer, entre o que me sinto e o que sou há uma distância imensa. Sinto-me miúda, menina e afinal já é raro sê-lo.
Uma das pessoas que mais amo neste mundo, simplesmente desapareceu, afastou-se assim, de repente, sem avisar, sem explicar. Era a minha melhor amiga, a minha única verdadeira amiga. Sei que está bem, é o que interessa, eu continuo para a frente, pelos que me rodeiam, são também quem interessa.
Lá por casa andamos a ser atacados, é o gajo das obras que afinal é sapateiro e nós não sabíamos, são as finanças e a segurança social, a contribuição autárquica e a água e tudo e tudo. Mal achamos que a coisa está mais ou menos controlada, tunga, lá vem mais qualquer coisa. De vez em quando alheio-me, irresponsavelmente, disso.
A tolerância para o fútil desapareceu de mim, já evito confrontos e discussões, deixo-me ficar também alheada desta mentira toda que é este país, que são estas pessoas e volto-me para mim, de novo, para o que verdadeiramente interessa.
Na próxima semana, lá vem a derradeira visita ao Dr. House, eu sei, eu sei, isso está a enervar-me e muito. São os seis meses... como se se tratasse de algum limite, parece que só nessa data posso festejar, ou não. Mais um monte desarrumado na minha sala que eu quero guardar num caixote. Fechado!
... isto foi despejar ... porque afinal... de que me posso queixar? De nada!

2 comentários:

Bombocaa disse...

:)

kissinhooooooooo

DonJuan disse...

Força Inês!!
Não deixes é de escrever que eu gosto muito do que escreves e como escreves! um beijinho e bom fds!